Após atentados, governo decreta estado de exceção no Timor Leste
O governo do Timor Leste declarou nesta segunda-feira estado de exceção durante 48 horas, depois dos atentados contra o presidente timorense, José Ramos-Horta --hospitalizado em estado grave-- e o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, que escapou ileso.
O chefe de Estado interino e vice-presidente do Parlamento, Vicente Guterres, aprovou a medida, que contempla o toque de recolher a partir das 20h (9h de Brasília).
Bazuki Muhammad/Reuters |
O presidente timorense José Ramos Horta, que está hospitalizado em estado crítico |
O estado de exceção foi adotado após a recomendação do Conselho de Estado, um órgão assessor formado pelo chefe do Estado, pelo de governo e outros onze membros.
A polícia da ONU (UNPol) no Timor Leste está em alerta máximo e coordena com a Força Internacional de Segurança --formada por Austrália, Malásia, Nova Zelândia e Portugal-- e com as autoridades timorenses a busca dos agressores e o controle da segurança.
De acordo com o porta-voz militar Domingos da Câmara, o líder rebelde Alfredo Reinado e um de seus homens morreram no ataque, assim como um dos seguranças do presidente.
O primeiro-ministro, Xanana Gusmão, também foi vítima de um atentado, mas saiu ileso.
"Eu considero este incidente uma tentativa de golpe de Estado de Reinado, que fracassou", disse Gusmão.
Ele disse ainda que a operação foi planejada com a intenção de paralisar o governo e criar instabilidade. "Este governo não cairá por causa disso", afirmou ele.
Reinado é um dos 599 militares que foram expulsos das Forças Armadas após denunciarem corrupção e nepotismo no país em 2006.
Os ataques causam mais instabilidade no país após a expulsão dos militares, em 2006.
Confrontos ocorridos na época causaram as mortes de 37 pessoas, desalojaram mais de 150 mil e levaram ao colapso do governo anterior.
O Timor Leste, antiga colônia portuguesa, ganhou a independência em 2002, após mais de duas décadas de ocupação indonésia, após uma votação organizada pela ONU no país.
Estado grave
Dois carros que levavam soldados rebeldes passaram pela casa de Ramos-Horta, na periferia de Dili, por volta das 7h (20h de domingo de Brasília) e começaram a atirar, segundo Câmara. Os seguranças de Ramos-Horta revidaram os tiros.
Arte Folha Online |
O presidente fez uma cirurgia de emergência em Díli, e depois levado ao Hospital Real de Darwin, no norte da Austrália, onde chegou em estado crítico e sedado.
"Eu confio em que terá uma recuperação completa", disse o diretor-geral do Hospital Real de Darwin, o doutor Len Notaras, depois que o líder chegou ao centro em estado crítico.
Peter Murphy, porta-voz da organização que fez o traslado médico do presidente, disse à agência Efe que Ramos Horta, 58, "está em estado crítico, e necessita de respiração assistida e ajuda para manter o corpo funcionando".
Já Gusmão nada sofreu no ataque contra seu carro, que foi liderado por outro comandante rebelde, Gustão Salsinha, de acordo com informações dadas à Associated Press por seguranças de Gusmão.
De acordo com o premiê, o veículo foi atingido por "vários tiros", mas seguiu em frente.
O atentado a Gusmão ocorreu cerca de uma hora depois do ataque contra o presidente.
Ajuda externa
Austrália e Nova Zelândia anunciaram que enviarão mais tropas ao Timor, a fim de garantir a tranqüilidade no país.
"Alguém tentou assassinar a liderança política de nosso amigo, país e vizinho", disse o premiê australiano, Kevin Rudd. "Eles pediram ajuda, e nós iremos disponibilizá-la", afirmou ele.
A Indonésia reforçou a segurança na fronteira terrestre com o país para evitar que os rebeldes fujam.
Desde 2006, Austrália, Nova Zelândia, Portugal e Malásia participam da Força Internacional de Segurança que atua no Timor Leste.
Com Efe e Associated Press
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