Após 12 anos de inquérito, premiê britânico pede perdão pelo Domingo Sangrento
Após 12 anos de investigações o governo do Reino Unido divulgou um relatório sobre as mortes causadas na Irlanda do Norte em 1972, numa operação que ficou conhecida como o Domingo Sangrento ("Bloody Sunday"). O premiê pediu perdão e disse que a ação foi "injustificada".
A matança de civis norte-irlandeses por tropas britânicas foi uma operação "injusta", disse o premiê britânico David Cameron, que pediu perdão em nome do governo e do Reino Unido.
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Premiê David Cameron pede perdão à Irlanda do Norte e diz que ação foi "injustificada" |
De acordo com as investigações, as tropas jamais deveriam ter recebido ordem de atirar. "As conclusões deste informe são absolutamente claras. Não há dúvida. Não há equívoco. Não há ambiguidades. O que aconteceu no 'Bloody Sunday' foi injustificado e injustificável", declarou Cameron no discurso ante o Parlamento britânico ao apresentar as conclusões da investigação.
O premiê pediu perdão em nome do governo e de todo o Reino Unido pelo que aconteceu em sua declaração, transmitida ao vivo num telão na cidade norte-irlandesa de Londonderry, cenário da matança.
Relatório
Os resultados da investigação publicados nesta terça-feira mostram mais evidências sobre o "Bloody Sunday", um dos episódios mais negros do conflito da Irlanda do Norte e que acabou com a morte de 14 manifestantes católicos por disparos de soldados britânicos em 1972.
As conclusões desta investigação judicial, considerada a mais longa e mais cara da história britânica, foram divulgadas simultaneamente em Londres e em Londonderry.
As famílias das vítimas e os soldados envolvidos tiveram acesso mais cedo ao informe de 5.000 páginas, que examina os acontecimentos de 30 de janeiro de 1972. Naquele dia, paraquedistas britânicos mataram 13 católicos desarmados e feriram outros 14 -- um dos quais morreu posteriormente por causa dos ferimentos -- ao abrir fogo contra os participantes em uma marcha a favor dos direitos civis em Londonderry, a segunda cidade norte-irlandesa.
Cerca de 60 familiares de vítimas desfilaram antes em silêncio e exibindo fotos em preto e branco de seus parentes.
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Foto de arquivo mostra familiares dos norte-irlandeses mortos em 1972 pelo Exército britânico |
Em janeiro de 1998, o primeiro-ministro britânico Tony Blair encarregou o juiz Mark Saville uma segunda pesquisa cujo custo final ronda os 200 milhões de libras (295 milhões de dólares).
Segundo a imprensa britânica, a nova investigação deve absolver as vítimas, e também pode levar ao julgamento de alguns soldados envolvidos, hoje todos reformados.
O "Bloody Sunday" foi um dos episódios chave no conflito entre católicos separatistas e protestantes unionistas que deixou mais de 3.500 mortos ao longo de três décadas e que concluiu com o acordo de paz de Sexta-feira Santa em 1998.
COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
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