Mono Jojoy era um dos integrantes mais radicais das Farc; saiba mais
O governo colombiano celebrou nesta quinta-feira a morte do comandante militar das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) Jorge Briceño Suárez, 57, considerado um dos membros mais radicais e sanguinários da guerrilha.
Suárez era conhecido como Mono Jojoy por sua habilidade para escapar do Exército colombiano na selva, monojojoy é uma espécie de larva que tem capacidade de fugir dos predadores da selva. Este mérito o levou à liderança militar da guerrilha mais antiga da América. As posições mais radicais e os ataques mais violentos da guerrilha passaram por sua direção nas últimas décadas.
Victor Julio Suárez Rojas, seu verdadeiro nome, nasceu em 5 de fevereiro de 1953, na cidade de Cabrera, situada a poucos quilômetros da capital Bogotá, e um dos bastiões das Farc até recentemente.
AFP | ||
Em imagem de 1998, o número dois das Farc, Mono Jojoy (dir.), que foi morto pelo Exército da Colômbia |
Ele dedicou a vida à luta armada por influência de seu pai, que nos anos 50 se rebelou contra o regime conservador da época e, em 1975, entrou para a guerrilha com outros membros da família.
Sua visão estratégica para a guerra e o sangue frio permitiram uma ascensão rápida nas fileiras dos insurgentes. Logo, ele estava no comando operacional de importantes ações em La Macarena, área onde morava em um acampamento das Farc e onde morreu em combates na noite desta quarta-feira.
Em 1991, Rojas protagonizou o assalto à base militar Girassóis. Três anos depois, planejou o assassinato do general Carlos Julio Gil Colorado e, em 1995, realizou operações simultâneas contra a base da polícia antinarcóticos em San José del Guaviare e contra as instalações do Batalhão Joaquín Paris, no sul da Colômbia.
Em novembro de 1998, liderou a maior operação realizada pelas Farc. Os guerrilheiros ocuparam por três dias a cidade de Mitu, capital do departamento (Estado) de Vaupés departamento provincial, um cerco que deixou 37 mortos e no qual 56 membros das forças de segurança foram tomados como reféns.
Três semanas depois, o então presidente Andrés Pastrana concedeu às Farc uma zona desmilitarizada que abrangia cinco municípios no sul da Colômbia (com uma extensão semelhante à de El Salvador e da Suíça) como gesto de boa vontade para negociar a paz.
Por suas posições duras e declarações arrogantes nas conversações de paz, Rojas ganhou o apelido de "símbolo do terror", tornando-se um dos guerrilheiros mais odiados e um dos principais alvos do Estado.
Ele também foi acusado do sequestro da ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt e de ter criado na floresta "campos de concentração" onde centenas de policiais, soldados e civis passam anos presos em jaulas com paus e arame farpado.
Seu nome foi cotado à número 1 das Farc com a morte do líder histórico da guerrilha, Pedro Antonio Marín, conhecido como Manuel Marulanda Vélez ou "Tirofijo", em março de 2008, por um problema cardíaco. O cargo, contudo, acabou destinado à ala política das Farc, nas mãos de Alfonso Cano, conhecido como Guillermo León Saenz.
Os Estados Unidos, parceiro da Colômbia na luta contra as Farc, ofereciam uma recompensa de US$ 5 milhões por sua cabeça, além de o acusarem de tráfico de drogas, terrorismo, rebelião, homicídio com fins terroristas, sequestro, assalto, extorsão, roubo e posse ilegal de armas. Entre os maiores crimes estavam o sequestro de três assessores do Pentágono e o assassinato de três missionários americanos.
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