Dezenas de milhares lembram massacre de Srebrenica
Cerca de 30.000 pessoas participaram nesta quarta-feira, em Srebrenica (leste da Bósnia), do funeral de 520 muçulmanos mortos em 1995 pelas forças sérvio-bósnias, em um massacre considerado pela justiça internacional como genocídio.
Pela primeira vez, desde o fim do conflito étnico de 1992-95, o aniversário acontece com os principais responsáveis pelo massacre, Ratko Mladic e Radovan Karadzic, atrás das grades e sendo julgados pela justiça internacional depois de anos foragidos.
Por ocasião deste 17º aniversário, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, denunciou as tentativas de "negar o fato indiscutível de que um genocídio" ocorreu em Srebrenica.
No início de junho, logo após sua eleição, o novo presidente da Sérvia, o nacionalista Tomislav Nikolic, negou em uma entrevista a existência do genocídio, o que indignou a opinião pública.
Após uma oração aos mortos proferida pelo grão-mufti da Bósnia, os caixões --envoltos em mortalhas verdes-- com os restos das 520 vítimas do massacre, encontrados e identificados desde o aniversário anterior, foram enterrados.
'DOR INSUPORTÁVEL'
"É muita dor, uma dor sem fim. E, a cada ano, quando o 11 de julho se aproxima, esta dor se torna insuportável", disse chorando Sevdija Halilovic, que veio ao memorial de Potocari, próximo de Srebrenica, para o funeral de seu pai.
"Meus dois irmãos também foram mortos no massacre, mas eles não foram encontrados", suspirou.
No dia 11 de julho de 1995, poucos meses antes do fim do conflito, as tropas sérvias tomaram o controle de Srebrenica, reduto muçulmano proclamado "zona protegida" da ONU.
Aproximadamente 8.000 homens e adolescentes foram assassinados em poucos dias. Foi a pior atrocidade cometida na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
O enterro das vítimas exumadas de valas comuns é organizado anualmente no centro memorial de Potocari para marcar o aniversário do massacre. Até hoje, 5.137 vítimas foram enterradas.
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