Presidente italiano é chamado para depor em caso da máfia
Uma corte da Sicília vai convocar o presidente italiano, Giorgio Napolitano, como testemunha em uma investigação sobre supostas conversas secretas entre a máfia e o Estado no contexto de atentados a bomba há duas décadas, disseram fontes judiciais nesta quinta-feira.
Napolitano foi listado entre as testemunhas no inquérito, segundo o qual a máfia siciliana ofereceu interromper os atentados que mataram 21 pessoas no início dos anos 1990, incluindo os juízes Giovani Falcone e Paolo Borsellino, em troca de sentenças mais brandas e melhores condições para gângsteres condenados.
Em um comunicado, o gabinete de Napolitano disse que ele aguardava para avaliar o texto completo da ordem judicial. O atual presidente do Senado, Pietro Grasso, um ex-promotor em casos contra a máfia em Palermo, onde o inquérito está sendo conduzido, também será chamado a testemunhar.
Fontes judiciais disseram que o chefe de Estado seria interrogado sobre conversas entre o ex-ministro do Interior Nicola Mancino e o antigo assessor jurídico presidencial Loris D'Ambrosio, mas que Napolitano não seria questionado sobre o conteúdo de conversas telefônicas grampeadas com Mancino.
Vincenzo Pinto/AFP | ||
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O presidente italiano, Giorgio Napolitano, durante entrevista coletiva, em março, no palácio presidencial, em Roma |
Mancino está entre seis ex-autoridades policiais e do governo que os promotores querem processar por acusações relacionadas às supostas negociações, junto com seis outras personalidades ligadas à máfia.
Napolitano entrou no caso quando promotores grampearam o telefone de Mancino e gravaram quatro ligações feitas por ele para o presidente. Em partes das escutas publicadas por jornais, Mancino reclama dos promotores e parece pedir ajuda ao presidente.
A mídia italiana informou em abril que as gravações teriam sido destruídas, de acordo com uma ordem da corte constitucional emitida no ano passado.
Essa decisão aliviou a pressão sobre o presidente, de 88 anos, visto como garantidor da frágil coalizão italiana no poder, mas a nova convocação para testemunho ameaça reabrir a desconfortável questão.
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