Extrema direita vem à tona em protestos
Nos últimos dois meses, os protestos de rua na Ucrânia vêm sendo noticiados pela mídia ocidental em um roteiro bem ensaiado. Manifestantes pró-democracia lutam contra governo autoritário.
É uma história já ouvida inúmeras vezes sob uma forma ou outra, entre elas na Revolução Laranja ucraniana de uma década atrás, que teve o apoio do Ocidente. Mas o vínculo dessa narrativa com a realidade é mínimo.
Muitos dos manifestantes que estão nas ruas não são tão partidários da democracia quanto se poderia pensar.
Nacionalistas e fascistas de extrema direita estão no cerne dos protestos e dos ataques lançados contra prédios governamentais.
Um dos três partidos da oposição que lideram a campanha é o agrupamento antissemita Svoboda, cujo líder, Oleg Tiagnibok, afirma que uma "máfia judaico-moscovita" controla a Ucrânia.
O senador americano John McCain não hesitou em dividir um palanque com Tiagnibok na capital, Kiev, no mês passado.
O partido, que administra a cidade de Lviv, liderou uma marcha com 15 mil manifestantes carregando tochas em memória do líder fascista ucraniano Stepan Bandera, cujas forças combateram ao lado dos nazistas na Segunda Guerra Mundial.
Assim, na semana em que a liberação do campo nazista de Auschwitz pelo Exército Vermelho foi comemorada como Dia de Memória do Holocausto, partidários dos que ajudaram no genocídio são saudados por ocidentais.
Svoboda, porém, foi ultrapassado nos protestos por grupos ainda mais radicais, como o chamado Setor de Direita, que pede uma "revolução nacional" e fala em "guerra de guerrilha prolongada".
O interesse desses grupos não está em se associar à União Europeia –que pressiona a Ucrânia para firmar um acordo de associação, oferecendo empréstimos em troca de austeridade.
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