Saiba mais sobre Yulia Timoshenko, a dama de ferro ucraniana
Libertada neste sábado (22) após mais de dois anos de prisão, a líder opositora ucraniana Yulia Timoshenko tem fama de ser uma dama de ferro por sua excepcional combatividade.
Durante a crise política que sacudiu a Ucrânia a partir de novembro do ano passado, Timoshenko se revelou uma líder opositora radical contra o regime de Viktor Yanukovich, eleito em 2010.
Após as forças da ordem abrirem fogo contra os manifestantes em pleno centro de Kiev, na quinta-feira passada, causando dezenas de mortes, a ex-primeira-ministra exigiu o julgamento de Yanukovich pelos "assassinatos em massa".
No dia seguinte, sob pressão da União Europeia, Yanukovich deu seu aval a eleições presidenciais antecipadas e o Parlamento aprovou uma lei para libertar Timoshenko.
A carreira política desta mulher de 53 anos começou em 1997, ao ser eleita parlamentar. Em 1999, tornou-se vice-premiê do governo de Viktor Yushenko, seu futuro aliado na Revolução Laranja e então primeiro-ministro do presidente Leonid Kuchma.
No final de 2004, Timoshenko se aliou a Yushenko na liderança da revolta pacífica que invalidou –por fraude– a vitória de Viktor Yanukovich, sucessor designado por Kuchma, mas já no poder.
Após abandonar o governo, Timoshenko retornou ao poder em 2007, onde permaneceu até as eleições presidenciais de 2010, vencidas por Yanukovich.
Em 2011, foi condenada a sete anos de prisão por firmar como chefe de governo um acordo sobre gás com a Rússia em condições consideradas desfavoráveis para a Ucrânia.
Também foi acusada de cumplicidade no assassinato de um deputado, o que sempre negou.
A prisão de Timoshenko e sua condenação se tornaram um problema nas relações entre Ucrânia e os países ocidentais, que sempre exigiram sua libertação.
Atrás das grades, Timoshenko fez uma greve de fome de três semanas para protestar contra a violência que sofria na prisão.
Transferida em maio de 2012 para um hospital de Kharkiv, para ser tratada de problemas na coluna, Timoshenko acusou Yanukovich de submetê-la à vigilância por vídeo durante 24 horas, incluindo no banheiro.
Seus adversários políticos a consideram uma mera oportunista e uma manipuladora, com muitas passagens obscuras em sua carreira.
Nascida em 27 de novembro de 1960, dirigiu como engenheira uma importante companhia de energia durante a época da União Soviética, aproveitando o monopólio da importação do gás russo pela Ucrânia após a independência do país, em 1991.
Segundo seus detratores, cooperou estreitamente com Pavlo Lazarenko, ex-premiê detido nos Estados Unidos por lavagem de dinheiro.
Seu marido, Olexandre, obteve asilo político na República Tcheca após a prisão de Timoshenko; e sua única filha, Evguenia, lutava sem descanso pela libertação na mãe, multiplicando contatos com o Ocidente.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis