Deputada cassada diz que mudança política na Venezuela é irreversível
A deputada cassada da Venezuela María Corina Machado disse nesta quinta-feira em São Paulo que a mudança política na Venezuela é irreversível e acusou o governo do presidente Nicolás Maduro de ser o único responsável pela violência.
"Nós não queremos a guerra civil, são eles que se interessam pela violência. Nosso movimento é pacífico e, só com a nossa voz, conseguimos que a transição política se torne irreversível".
A entrevista foi feita após um encontro com 70 venezuelanos que moram na capital paulista. Ela não quis comentar sobre as declarações do chanceler Luiz Alberto Figueiredo sobre a mediação da Unasul, negando que o órgão tenha a intenção de interferir em assuntos internos do país.
No entanto, criticou os países sul-americanos por não terem aplicado a carta democrática da OEA, como foi feito no caso de Honduras e do Paraguai quando houve a saída de Manuel Zelaya e Fernando Lugo.
María Corina Machado deve voltar para Caracas na madrugada de sábado. Amanhã, ela se encontrará com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso no Palácio dos Bandeirantes.
A líder opositora deverá voltar ao Brasil em duas semanas para uma audiência pública na Câmara de Deputados. Ela foi convidada pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores, Eduardo Barbosa (PSDB-MG).
OVACIONADA
Por volta das 19h, Corina se reuniu com seus conterrâneos em um hotel na avenida Paulista, que a receberam sob o grito de "valente".
Ela disse ter ficado emocionada com a recepção no Congresso, na quarta (2). "Enquanto em um dia a Guarda Nacional me impediu de entrar na Assembleia Nacional do meu país, aqui me receberam de pé e me aplaudiram."
Em seguida, pediu aos imigrantes que levem os motivos dos protestos à população do Brasil, considerado por ela o país mais importante para entregar a mensagem dos manifestantes.
E brincou sobre o papel dos venezuelanos no mundo. "Vocês são tão nossos embaixadores como eu sou deputada."
"Hoje temos uma tarefa histórica a fazer. Vamos fazer uma transição pacífica e todos poderão voltar. Não há lugar melhor no mundo para essas crianças crescerem".
O encontro foi encerrado com o hino nacional venezuelano e com fotos entre a deputada e os venezuelanos, que, em sua maioria, usavam bandeiras ou roupas com a cor do país.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis