Escócia decide ficar no Reino Unido
A campanha contra a independência da Escócia venceu o histórico plebiscito realizado nesta quinta-feira (18) sobre sua separação do Reino Unido. Do total de votantes, 55% optaram pelo "não", contra o fim da união de 307 anos com os ingleses, e 45% pelo sim, a favor.
Cerca de 3,5 milhões de pessoas (85% dos aptos a votar) que vivem em território escocês responderam sim ou não à pergunta: "A Escócia deve ser um país independente?". A campanha pelo "sim" admitiu a derrota e simpatizantes do "não" celebraram o resultado.
Mundialíssimo: O que está acontecendo na Escócia?
A confirmação nas urnas de que a Escócia permanecerá no Reino Unido é um alívio para o primeiro-ministro britânico, David Cameron, conservador, e o líder da oposição, Ed Miliband, do Partido Trabalhista.
Uma vitória do "sim" provocaria uma pressão pela renúncia do premiê, que, ainda assim, sai desgastado por causa do crescimento dos separatistas nas últimas duas semanas.
Impopular na Escócia, Cameron vinha ignorando a campanha, mas teve de visitar a região por duas vezes recentemente para fazer um apelo pelo voto contra a separação.
Já a continuidade da Escócia como parte do território britânico é essencial no equilíbrio de forças em Londres para os trabalhistas tentarem recuperar o poder nas eleições gerais de 2015.
Os escoceses sempre votaram em peso no Partido Trabalhista -em 2010, a legenda conquistou 41 das 59 cadeiras da Escócia no Parlamento britânico.
Mesmo com a derrota, a campanha pró-independência sai fortalecida por ter chegado a uma situação de chance real de vitória na véspera da votação. Em Glasgow, maior cidade escocesa, o "sim" ganhou, com 53% dos votos.
Uma ameaça que fez governo e oposição em Londres anunciarem um pacote de mais autonomia financeira e política para a Escócia, algo que pode ser ampliado para os outros membros do Reino Unido: Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte.
A Folha acompanhou a votação em algumas seções da capital Edimburgo. Como já ocorrera na campanha, a mobilização dos separatistas nos locais de votação -uma prática permitida- foi muito maior do que a dos "unionistas".
O clima, ao menos na capital, foi pacífico entre cada lado. Alguns incidentes mais localizados, como muros pichados e brigas, foram relatados em outras cidades.
Durante a quinta (18), o escocês Alister Stein, 66, distribuía panfletos e adesivos contra a independência e já celebrava uma vitória.
"A campanha pelo 'sim' foi pela emoção. Me sinto escocês, mas também britânico. Somos todos uma nação. A Escócia seria mais fraca sozinha", disse, em frente a uma seção instalada num luxuoso hotel de Edimburgo.
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