Republicano Carson admite ter mentido em histórico acadêmico
Mark J. Terrill/Associated Press | ||
Ben Carson (dir.) e Donald Trump, pré-candidatos à presidência dos EUA, em debate no último dia 28 |
Representantes da campanha de Ben Carson, pré-candidato à presidência dos EUA pelo Partido Republicano, reconheceram nesta sexta-feira (6) que ele nunca se inscreveu nem foi aceito na Academia Militar de West Point — uma história que ele incluiu em sua autobiografia e vem repetindo desde então, de acordo com o site americano "Politico".
Os detalhes da suposta bolsa foram incluídos no relato de Carson sobre um encontro com o general William Westmoreland em 1969, quando Carson era um estudante de ensino médio no programa do Corpo de Treinamento de Oficiais da Reserva (Rotc, na sigla em inglês), que oferece treinamento militar preliminar para estudantes que queiram seguir carreira nas Forças Armadas.
"Ele foi apresentado a oficiais de West Point por seus supervisores no Rotc", disse o gestor da campanha de Carson, Barry Bennett, por e-mail. "Eles disseram que poderiam ajudá-lo a conseguir um encontro, em razão de suas notas e performance no Rotc. Ele considerou a ideia mas não tentou se inscrever".
A versão é diferente da que consta na autobiografia de Carson, "Mãos Talentosas", de 1990, onde ele escreveu que jantou com Westmoreland, e, "mais tarde, me ofereceram uma bolsa integral para West Point".
Seu rival Donald Trump, com quem Carson disputa ponto a ponto a liderança nas pesquisas para as primárias republicanas, não demorou a atacar o neurocirurgião no Twitter.
"Uau, uma das muitas mentiras de Carson! Grande história", escreveu Trump, que incluiu um link no qual a campanha reconheceu a farsa.
A revelação veio à tona poucas horas depois de Carson atacar a mídia pelo que chamou de "um monte de mentiras", enquanto era questionado, nesta sexta-feira (6), sobre seus relatos de um passado violento.
Carson, popular entre os eleitores evangélicos, frequentemente fala em eventos de campanha sobre seus arroubos de violência na juventude, creditando as lições aprendidas no período como evidência de que ele teria firmeza de caráter para ser presidente.
Em sua autobiografia, o renomado neurocirurgião afirmou que, na adolescência, tentou esfaquear um amigo chamado Bob no estômago, mas não conseguiu, já que a faca teria sido contida pela fivela do cinto do colega.
Na quinta-feira, em evento de campanha, quando pressionado por repórteres sobre o incidente, e também em uma entrevista na Fox News, Carson disse que o nome de Bob e de outras pessoas eram pseudônimos usados para proteger a privacidade daqueles sobre quem escrevia.
Ele descreveu Bob no livro como um amigo e colega de classe. Na entrevista da Fox News, Carson disse que o rapaz seria um "parente próximo".
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