Eslovênia começa a erguer cerca na fronteira para controlar fluxo
A Eslovênia iniciou nesta quarta-feira (11) a instalação de uma cerca na fronteira com a Croácia para controlar de maneira mais eficiente o fluxo de refugiados e migrantes que buscam asilo em países europeus.
Caminhões carregando arames farpados chegaram nesta quarta ao vilarejo de Veliki Obrez, perto da fronteira esloveno-croata.
Um grande número de soldados e policiais estava no local, alguns ao lado de equipamentos de construção. Segundo a mídia eslovena, a cena se repete em outros pontos dos quase 670 km de fronteira com a Croácia.
O premiê esloveno, Miro Cerar, disse na terça-feira (10) que o intuito da ação não é fechar a fronteira, e sim ajudar a controlar o fluxo de pessoas.
Cerar disse que o país não possui recursos para abrigar grandes números de imigrantes durante o intenso inverno caso a Áustria fechasse sua fronteira, criando um gargalo.
Cerca de 180 mil pessoas entraram no país desde o meio de outubro, quando a Hungria fechou sua fronteira com a Croácia e alterou a rota para o país vizinho.
A grande maioria desses migrantes atravessa o país em busca de asilo no Norte Europeu, especialmente a Alemanha, que prevê receber cerca de 1 milhão de refugiados no ano.
As respostas dos governos à crise de refugiados na Europa parecem pôr em xeque instituições comunitárias, como a livre circulação de pessoas entre os países da área de Schengen.
O filósofo esloveno e ícone pop Slavoj Zizek disse em entrevista à Folha que "a única solução no curto prazo" para a crise de refugiados na Europa é a "militarização" e o controle de fronteiras.
Na semana passada, o chanceler italiano, Paolo Gentiloni, disse em entrevista à Folha que "reconstruir cercas dentro da Europa seria desmentir o ideal de união" por trás da União Europeia.
CRISE
A Europa registra o maior fluxo de migrantes e refugiados desde o fim da Segunda Guerra. Muitas dessas pessoas fogem de países em conflito, como Síria e Afeganistão.
A principal rota de entrada no continente são travessias perigosas no Mediterrâneo. Segundo o Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Regugiados), mais de 740 mil pessoas fizeram essa travessia desde o
início de 2015. No ano passado, foram 216 mil. Ao menos 3.200 pessoas morreram no trajeto desde janeiro.
Segundo a agência de notícias turca Dogan, o naufrágio de um barco de madeira nesta quarta-feira entre a costa da Turquia e a ilha grega de Lesbos deixou ao menos 14 mortos, incluindo crianças. Outras 27 pessoas foram resgatadas pelas autoridades turcas.
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