Após encontro com Obama, Sanders sinaliza apoio a Hillary contra Trump
Após uma reunião cercada de expectativa com o presidente Barack Obama nesta quinta (9), o senador Bernie Sanders prometeu trabalhar junto com Hillary Clinton por uma vitória nas eleições presidenciais de novembro.
Mas o pré-candidato evitou expressar apoio claro à ex-secretária de Estado, que o derrotou na disputa´ pela candidatura democrata à Casa Branca nas prévias estaduais. Num curto pronunciamento no jardim da Casa Branca, deu indicações ambíguas, mas também sinais de reconhecer que sua caminhada está perto do fim.
Gary Cameron/Reuters | ||
O democrata Bernie Sanders e o presidente Barack Obama, durante encontro na Casa Branca |
O senador afirmou ter falado com Hillary para lhe dar os parabéns "por uma forte campanha" na noite de terça (5), quando ela selou a vitória e discursou sobre a importância histórica de uma mulher ter se tornado, pela primeira vez, a candidata presidencial de um grande partido político nos EUA.
"Espero encontrá-la no futuro próximo para ver como podemos trabalhar juntos para derrotar Donald Trump", afirmou Sanders, em referência ao candidato presidencial do rival Partido Republicano.
Após mais de cinco meses de prévias, a ex-secretária de Estado atingiu nesta semana o número necessário de representantes do partido (delegados) que votarão na convenção democrata para escolher o candidato, em julho.
Ao todo, ela obteve 56,7% da votação popular. A maior parte desses delegados ecoa o que sai das urnas em seus Estados. Uma fração (15%) formada de dirigentes e altos nomes do partido vota como quer —são "superdelegados".
CONTRA TRUMP
Do lado republicano, a escolha de Donald Trump foi selada em 4 de maio, com a desistência do último de seus 16 rivais partidários, o governador John Kasich.
Sanders, que disse esperar os resultados finais das prévias da Califórnia, realizadas na terça, e que promete levar suas propostas de campanha à convenção democrata, prometeu fazer tudo o que puder para impedir que o empresário seja eleito presidente.
Gary Cameron/Reuters | ||
O democrata Bernie Sanders sorri durante encontro com o presidente Barack Obama, na Casa Branca |
"É inacreditável que em 2016 um candidato tenha como base de sua campanha a intolerância e a discriminação", atacou. "Nem preciso dizer que farei tudo o que puder, e trabalharei o máximo possível, para impedir que Donald Trump se torne presidente dos Estados Unidos".
Muitos democratas criticam o senador por sua hesitação em apoiar Hillary claramente, mesmo sem chance de obter a candidatura, e o acusam de dividir o partido.
Horas depois do encontro com Obama, Sanders não deu nenhuma indicação de que pretenda desistir da campanha antes da convenção. O senador empolgou centenas de seguidores em um comício na capital americana, onde a temporada de prévias será concluída, no dia 14.
Para seu público, Sanders tem mesmo que "ir até o fim", para forçar a cúpula democrata a adotar algumas de suas propostas progressistas na plataforma do partido para a eleição. Muitos se recusam a votar em Hillary.
"Isso aqui não é só campanha eleitoral. É um movimento político para mudar o país", disse à Folha o aposentado Solomon Palmer, 65.
Gary Cameron/Reuters | ||
Bernie Sanders discursa na Casa Branca após encontro com o presidente Barack Obama |
FORÇA DE OBAMA
Após cautela ao longo da campanha partidária, Obama finalmente formalizou nesta quinta o apoio à sua ex-secretária de Estado e ex-rival nas prévias de 2008.
O anúncio veio na forma de um vídeo de pouco mais de três minutos divulgado no site da candidata, nas redes sociais e pela imprensa.
"Eu sei o quão duro esse trabalho pode ser, e é por isso que sei que Hillary será tão boa nele. Na verdade, não acho que já tenha havido alguém tão qualificado para o posto", diz o presidente. "E digo isso como alguém que teve que debater com ela mais de 20 vezes."
Na peça publicitária, Obama afirma que Hillary tem "a coragem e a compaixão" para sucedê-lo e que "fez história" por ser mulher.
Ele cita sua participação como secretária de Estado na operação que culminou na morte de Osama bin Laden, em 2011, e seu trabalho em missões ao redor do mundo.
"Tenho visto sua capacidade julgamento, sua força, seu compromisso com nossos valores e sua determinação em dar a cada americano uma oportunidade justa, não interessa quão dura seja a briga", afirmou, antes de ecoar o slogan da candidata: "Eu estou com ela" ("I'm with her").
À agência Reuters, Hillary disse que o apoio de Obama "é tudo" para ela. "É uma alegria e uma honra que Obama e eu tenhamos, de ferozes competidores, nos tornado verdadeiros amigos."
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