Hillary nunca pediu para usar e-mail privado, aponta relatório do FBI
O FBI (polícia federal americana) liberou nesta sexta-feira (2) um relatório de 58 páginas sobre sua recém-concluída investigação do uso de um e-mail privado da candidata democrata à Presidência dos EUA, Hillary Clinton, enquanto ela ocupava o cargo de secretária de Estado.
A investigação concluiu que Hillary nunca pediu permissão para usar uma conta privada de e-mail. Contudo, o FBI decidiu não denunciá-la à Justiça americana.
Apesar de ela e seus assessores terem sido "extremamente descuidados" no tratamento de informações confidenciais, afirmou em julho o diretor do FBI, James Comey, não havia evidências de que eles agiram de má fé.
Steve Pope/AFP | ||
A democrata Hillary Clinton tira uma selfie com eleitoras durante comício no Estado do Iowa |
A democrata repetidamente disse que o uso havia sido autorizado. Contudo, ao ser interrogada pelo FBI, em 2 de julho, Hillary afirmou que ela "nunca havia explicitamente pedido permissão para usar um servidor privado ou um e-mail privado", segundo o documento tornado público nesta sexta.
Hillary disse que ninguém no Departamento de Estado levantou suspeitas durante seu mandato e que todos com quem ela trocara e-mails sabiam que ela estava usando um endereço privado.
Funcionários de seu gabinete ouvidos pelo FBI, entretanto, afirmaram que muitos dos e-mails de Hillary apareciam apenas com o remetente "H" e não mostravam o endereço privado do e-mail dela (@clintonemail.com).
CONCUSSÃO
No interrogatório, Hillary afirmou ainda que não se lembrava de todos os detalhes das orientações que recebeu na transição para deixar o Departamento de Estado, que chefiou de 2009 até o início de 2013.
"Clinton afirma que ela não recebeu instruções ou direções em relação à preservação ou produção de registros do Departamento de Estado durante a transição para a sua saída como secretária de Estado em 2013", diz o relatório.
"No entanto, em dezembro de 2012, Clinton sofreu uma concussão e perto do Ano-Novo teve um coágulo de sangue [na cabeça]. De acordo com a orientação do seu médico, ela apenas poderia trabalhar no Departamento poucas horas por dia e não poderia se lembrar de todas as instruções que recebia", completa o documento.
BLACKBERRY
No relatório consta também que Hillary contactou o ex-secretário de Estado Colin Powell (2001-2005) para perguntar sobre o uso que ele fez de um telefone BlackBerry. Em sua resposta a Hillary, por e-mail, Powell disse para ela ser "muito cuidadosa", porque os e-mails relacionados ao trabalho que ela enviada do BlackBerry poderiam se tornar públicos.
Os documentos divulgados nesta sexta incluem ainda detalhes técnicos de como o servidor do e-mail privado foi instalado no porão da casa de Hillary em Chappaqua, no Estado de Nova York. Diversos trechos do relatório, no entanto, foram omitidos.
A divulgação é incomum em se tratando de uma investigação do FBI, mas reflete o grande interesse público no caso em meio à disputa presidencial americana.
Seu rival republicano, Donald Trump, constantemente cita o caso em seus discursos e já chamou Hillary de "mentalmente inadequada" para o cargo de presidente dos Estados Unidos.
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