Holanda proíbe pouso de voo de ministro das Relações Exteriores turco

Crédito: Michael Sohn/Associated Press FILE - A Wednesday, March 8, 2017 file photo showing the Foreign Minister of Turkey, Mevlut Cavusoglu, during a visit of the booth of Turkey at the tourism fair ITB in Berlin, Germany. The Dutch government on Saturday, March 11, 2017, withdrew landing permission for the Turkish foreign minister's aircraft, escalating a diplomatic dispute between the two NATO allies over campaigning for a Turkish referendum on constitutional reform. (AP Photo/Michael Sohn, File) ORG XMIT: LON101
Mevlut Cavusoglu, ministro das Relações Exteriores da Turquia

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O governo holandês decidiu proibir a aterrissagem do voo do ministro turco das Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, que realizaria neste sábado (11), na Holanda, um comício em favor do referendo que reforça os poderes do presidente turco.

Enquanto discussões estavam em andamento entre Haia e Ancara, "as autoridades turcas ameaçaram publicamente com sanções", declarou o governo em comunicado.

"Isso impossibilita a busca de uma solução razoável e, por esta razão, a Holanda informou que retira o direito de aterrissagem" do avião do ministro turco, explica o comunicado.

Em razão da proibição, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ameaçou responder a esta atitude.

"São vestígios do nazismo, são fascistas", acusou o presidente durante um comício em Istambul. "Vocês podem proibir nosso ministro das Relações Exteriores de voar, mas a partir de agora, veremos como os voos de vocês vão aterrissar na Turquia", afirmou, em tom ameaçador.

O prefeito de Roterdã, Ahmed Aboutaleb, havia anunciado na quarta-feira (8) que este comício seria anulado, indicando que o auditório onde aconteceria o evento não estava mais disponível.

Na quinta-feira (9), o ministro holandês das Relações Exteriores, Bert Koenders, declarou a oposição do governo a vinda de seu colega turco.

Em seguida, a Holanda iniciou negociações com as autoridades turcas para encontrar "uma solução aceitável" ao impasse.

"Havia um diálogo em andamento para decidir se as autoridades turcas poderiam viajar e realizar a reunião em caráter privado, em pequena escala, no consulado ou na embaixada", indicou o governo no comunicado.

Mas para as autoridades holandesas, "após um apelo público aos turco-holandeses a participar maciçamente em um evento público com o ministro Cavusoglu em Roterdã neste sábado, 11 de março, a ordem e a segurança pública estariam comprometidos".

"A Holanda lamenta o desfecho dos acontecimentos e apoia um diálogo com a Turquia", afirmou o governo holandês.

Cerca de 400.000 pessoas de origem turca vivem na Holanda, de acordo com o Bureau de Estatísticas da Holanda (CBS).

"Essas reuniões não podem levar a tensões em nossa sociedade, e todos aqueles que desejam realizar um comício tem que respeitar as instruções das autoridades competentes para que a paz e a segurança possam ser garantidas", informou ainda o comunicado.

REPERCUSSÃO

O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, classificou neste sábado (11) de "loucura" as declarações do presidente turco Recep Tayyip Erdogan, que qualificou como "nazismo" a negativa holandesa de permitir a visita do chanceler turco a Mevlut Cavusoglu a Roterdã.

Essas declarações são "uma loucura", disse Rutte dirigindo-se a repórteres em plena campanha eleitoral.

"Entendo que estão irritados, mas isso [a declaração do presidente turco] é desproporcional", acrescentou.

"São vestígios de nazismo, são fascistas", declarou Recep Tayyip Erdogan sobre a ação holandesa de impedir que o ministro das Relações Exteriores da Turquia desembarcasse em Roterdã para realizar um comício em favor do referendo que reforça os poderes do presidente turco.

"Podem proibir nosso ministro de voar, mas a partir de agora vamos ver como seus voos vão aterrissar na Turquia", ameaçou Erdogan.

"As autoridades turcas ameaçaram publicamente com sanções. Isso impossibilita a busca de uma solução razoável", declarou o governo holandês através de comunicado.

MEVLUT CAVUSOGLU

O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, disse que a decisão holandesa de negar o pouso de seu avião para entrar na Holanda "é um escândalo em todos os sentidos e não pode ser aceito".

Cavusoglu, falando no aeroporto de Istambul, disse que os holandeses estão tentando impedir que oficiais turcos se encontrem com os eleitores na Europa.

"Então eles cancelaram devido a preocupações de segurança, o que significa, que um ministro é um terrorista?", indagou Cavusoglu.

E respondeu em tom de ameaça "vamos dar-lhes a resposta que merecem."

"Recebemos muitas mensagens de apoio da Holanda, dizendo que eles não concordam com as políticas racistas e fascistas de seu governo", ressaltou o chanceler.

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