Malásia anuncia liberação do corpo de Kim Jong-nam para a Coreia do Norte
O primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak, anunciou nesta quinta-feira (30) que chegou a um acordo com o regime norte-coreano para a liberação do corpo de Kim Jong-nam, o meio-irmão do ditador Kim Jong-un.
Ele foi assassinado no aeroporto internacional de Kuala Lumpur em fevereiro com uso de gás VX, poderosa arma química banida em um tratado da ONU —não assinado pela Coreia do Norte.
Em troca pela liberação do corpo —que o regime não identifica como Kim Jong-nam, mas apenas como um norte-coreano—, Pyongyang permitiu que nove cidadãos malasianos deixassem a Coreia do Norte após dias impedindo-os de saírem do país.
Jung Yeon-Je - 14.fev.2017/AFP | ||
Sul-coreanos assistem em Seul à notícia sobre morte de Kim Jong-nam, em fevereiro |
Nos últimos dias, a negociação entre os dois países provocou tensão. O premiê da Malásia chegou a acusar Pyongyang de "efetivamente manter como reféns nossos cidadãos".
A morte de Kim Jong-nam, visto como persona non grata pelo regime de seu meio-irmão, também levou a Coreia do Norte a expulsar o embaixador malasiano em Pyongyang depois que seu diplomata chefe em Kuala Lumpur foi expulso pela Malásia.
A Malásia acusou por homicídio as duas mulheres presas dias após o crime —uma vietnamita e uma indonésia.
PASSAPORTE ERRADO
Quando Kim Jong-nam foi morto, no dia 13 de fevereiro, a imprensa sul-coreana foi a primeira a reportar o ocorrido.
Segundo fontes afirmaram à Reuters, isso aconteceu porque, ao identificar o corpo da vítima momentos após o crime no aeroporto, o passaporte da República Popular Democrática da Coreia (nome oficial da Coreia do Norte) foi confundido como sendo da República da Coreia (nome oficial da Coreia do Sul).
A polícia da Malásia então alertou a embaixada sul-coreana em Kuala Lumpur, enviando cópias dos documentos encontrados com Kim Jong-nam. Isso permitiu que Seul informasse Kuala Lumpur de que a vítima era, na verdade, o filho primogênito de Kim Jong-il (1942-2011) conhecido por suas críticas ao regime ditatorial norte-coreano.
Kim Jong-nam costumava ser chamado de "pequeno general" quando era mais novo e chegou a ser considerado possível herdeiro do regime norte-coreano, mas caiu em desgraça em 2001, quando foi preso no aeroporto de Tóquio ao tentar entrar no Japão com um passaporte falso para visitar a Disneylândia.
Ele e sua família foram forçados então a viver praticamente no exílio em Cingapura e na China.
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