Análise
Abertura ganha no Irã, mas por pouco
Ahmad Halabisaz - 17.mai.2017/Xinhua | ||
Presidente Hasan Rowhani teve vitória relativamente apertada na eleição iraniana |
A vitória do presidente Hasan Rowhani na eleição iraniana indica que a maioria dos iranianos aprova a também relativa abertura para o mundo ensaiada pelo governante.
Mas o resultado menos amplo do que se poderia esperar ante o cenário econômico (57% dos votos) mostra que o público esperava resultados ainda mais suculentos desse ensaio.
Houve de fato melhorias em alguns dos principais indicadores, a saber:
1 - A economia, que retrocedera 7% em 2012, quando as sanções impostas pela comunidade internacional faziam pleno efeito, cresceu 6,6% no ano passado.
2 - A produção de petróleo, o grande recurso iraniano, aumentou de 3,3 milhões de barris/dia para 4,3 milhões.
3 - A inflação, que girava em torno de 40% ao ano, caiu para perto de 10%.
Dados positivos que, no entanto, foram incapazes de afetar seriamente o desemprego, que continua perto dos 10% e, no caso dos jovens abaixo de 25 anos, salta para 27% —justamente na faixa etária que congrega 40% da população.
Tudo somado, tem-se que "há ainda alguma distância a percorrer para desenvolver plenamente seu enorme potencial de investimento e de comércio, consideradas suas vastas reservas de hidrocarbonetos, um setor não-petrolífero relativamente diversificado, um grande mercado doméstico e uma força de trabalho jovem e bem educada", como diz o mais recente relatório do Fundo Monetário Internacional.
Parece claro que os dados positivos levaram a maioria a dar um voto de confiança a Rowhani, mas "a distância a percorrer" apontada pelo FMI fez com que fosse uma maioria menos ampla do que o crescimento econômico autorizaria a esperar.
Há que se levar ainda em consideração o fato de que Rowhani é tudo o que restou no Irã de contraponto ao conservadorismo extremo, depois que o movimento reformista foi perseguido e virtualmente anulado.
Uma parte dos votos para o presidente se deve à expectativa de que a abertura para o mundo —caracterizado pelo acordo com as grandes potências em torno do programa nuclear iraniano— acabe, cedo ou tarde, levando a uma abertura também interna.
É esse o desafio que se apresenta, agora, para o segundo mandato de Rowhani. Não só para ele, aliás: não parece ser do interesse do Ocidente dificultar a vida do presidente com, por exemplo, a revisão do acordo sobre o programa nuclear, como anunciado na campanha pelo presidente Donald Trump.
Só dificultaria a vida de um presidente moderado e, por extensão, levaria água ao moinho da oposição conservadora.
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