Fã de carros, suspeito de ataque em Barcelona era visto como bom menino
Younes Abouyaaqoub, 22, gostava de carros, como tantos outros jovens de sua rua.
Ele teve, segundo amigos ouvidos pelo jornal "El País", um Seat Ibiza, um BMW -que bateu- e um Citroën C5. Derrapava com eles.
Lluis Gene/AFP | ||
Policiais e médicos durante operação policial no município de Subirats, na Espanha |
Era mais um entre outros na periferia da Catalunha. Mas se tornou um dos nomes mais repetidos na Espanha.
Na quinta-feira (17), dirigindo uma van, Abouyaaqoub atropelou dezenas de pedestres em um calçadão de Barcelona, deixando 13 mortos, incluindo uma criança britânica de sete anos. Foi morto quatro dias depois, nesta segunda-feira (21), quando fugia.
Apesar da repentina fama e da enxurrada de informações entregues pela polícia catalã, o perfil do terrorista ainda é desconhecido.
Abouyaaqoub nasceu em 1995 em Mrirt, povoado no interior do Marrocos, nas montanhas do Atlas. Vivem hoje ali 35 mil habitantes.
Ele se mudou para a Espanha quando tinha quatro anos. A família Abouyaaqoub se estabeleceu em Ripoll(a 100 km de Barcelona). No total eram cinco irmãos. Entre eles, Houssaine, 19, que participou do atentado terrorista em Cambrils, horas depois do ataque de Barcelona.
Fotomontagem | ||
Polícia da Catalunha divulga fotos de suspeitos do ataque em Barcelona |
Abouyaaqoub estudou em escola pública, onde tinha boas notas, segundo os amigos ouvidos pelo "El País". Ele foi aprovado mais tarde em um curso de eletromecânica. Um dos melhores alunos, considerado inteligente.
O jornal espanhol compila outros adjetivos: "tranquilo", "calado", "tímido". Tamanha era sua fama de bom menino que os pais dos demais o usavam como exemplo de comportamento -sugeriam aos filhos que fossem como ele. "E veja agora, caramba", disse um amigo.
Ele trabalhava há meses em uma empresa industrial e, além dos carros, se interessava pelo futebol. Jogou na equipe juvenil do Ripoll CF, time da cidade em que cresceu. Era visto como craque.
Não está claro como o garoto inteligente que jogava bem virou terrorista. O processo de radicalização deve ser um foco da investigação.
O provável catalisador foi o imã (líder religioso muçulmano) Abdelbaki Es Satty, 45, apontado pelas autoridades espanholas como o cabeça da célula terrorista de que Abouyaaqoub fazia parte e que tinha 12 integrantes.
Testemunhas ouvidas pela imprensa local dizem que as reuniões eram feitas às escondidas, às vezes dentro de vans. Eles também invadiram uma casa abandonada em Alcanar (170 quilômetros de Barcelona), onde montaram um laboratório clandestino de bombas –que explodiu.
A explosão acidental levou os terroristas, segundo os investigadores, a apressar o ataque. Foi quando Abouyaaqoub tomou o volante nas mãos para atropelar pedestres em Barcelona.
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