Enquanto Donald Trump estava em campanha eleitoral, executivos de sua empresa negociaram a construção de uma "Trump Tower" em Moscou, de acordo com o jornal americano "The Washington Post".

Segundo reportagem publicada no domingo (27), uma carta de intenção teria sido assinada entre as Organizações Trump e a incorporadora russa I.C. Expert Investment Co.

As relações de Trump e de seu comitê de campanha com Moscou estão sendo investigadas após suspeita de interferência russa nas eleições presidenciais americanas.

Michael Cohen, advogado pessoal do presidente e vice-presidente executivo das Organizações Trump, confirmou as negociações nesta segunda (28) em um comunicado dirigido à Comissão de Inteligência da Câmara, um dos vários órgãos que conduzem investigações independentes. A agência de notícias Associated Press teve acesso ao documento.

A proposta foi negociada por Cohen junto a Felix Sater, um empresário do ramo imobiliário nascido na Rússia que emigrou para Nova York aos 6 anos. Sater receberia uma comissão por agir como intermediário entre a incorporadora e as Organizações Trump.

Segundo Cohen, Sater alegou ter vários contatos em Moscou.

O "New York Times" publicou nesta segunda um e-mail de Sater em que ele diz: "Nosso garoto [Trump] pode se tornar presidente dos Estados Unidos e nós podemos arquitetar isso".

"Eu vou colocar a equipe de Putin [presidente russo] do nosso lado, eu vou cuidar desse processo", Sater escreveu.

No comunicado de duas páginas, Cohen afirmou ter enviado um e-mail a Dmitry Peskov, assessor de imprensa do governo Putin, dizendo que "a proposta necessitaria de aprovações do governo russo que não foram emitidas".

As negociações teriam começado no segundo semestre de 2015, meses após Donald Trump anunciar sua candidatura. O projeto incluía um hotel luxuoso, escritórios e apartamentos. A incorporadora moscovita ficaria responsável pelo terreno, obtenção de alvarás e construção.

Através de um contrato de licença, a empresa associaria o nome de Trump ao empreendimento.

Segundo o "Washington Post", à medida que as negociações avançavam, Trump fez inúmeros comentários positivos sobre Vladimir Putin, se distanciando dos outros candidatos republicanos. Ao fim de 2015, Putin teria começado a elogiar o candidato em resposta.

Cohen minimizou a importância das declarações de Sater em seu comunicado. "Durante o meu contato com o sr. Sater, ele às vezes usava uma linguagem empolgada e tinha tendência a agir como um vendedor", afirmou.

Em janeiro de 2016, o projeto foi abandonado pelas Organizações Trump, "por várias razões empresariais" segundo o advogado. Ele também afirmou que as decisões de negociar o empreendimento e de depois desistir do projeto não tiveram nenhuma relação com a campanha presidencial.

Não se sabe se Trump tinha ciência das negociações entre Sater e Cohen ou se ele esteve envolvido.