Sanções travam importação de comida na Venezuela, diz líder da Constituinte

DE SÃO PAULO
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A presidente da Assembleia Constituinte da Venezuela, Delcy Rodríguez, disse nesta segunda-feira (28) que, com as últimas sanções econômicas dos EUA, o regime de Nicolás Maduro ficou sem dinheiro para as importações.

No país, o Estado tem o monopólio da compra de produtos regulados, dentre eles remédios, itens de higiene como pasta de dente e papel higiênico e alimentos como milho, trigo e arroz —itens mais escassos no comércio.

"Temos barcos na costa carregados de remédios e alimentos e a Venezuela não tem como pagar por esses bens. Por quê? Porque há um bloqueio financeiro contra o país", disse.

Como alternativa, ela afirma que o regime aprofundará seu relacionamento com aliados como Rússia, China, Índia e Irã. Assim como Maduro, Rodríguez responsabilizou a oposição por pedir punições econômicas ao regime.

E reiterou que abrirá um processo contra o presidente da Assembleia Nacional, Julio Borges, por "crime contra a ordem socioeconômica" na comissão da verdade —instância que a oposição encara como um tribunal de exceção.

"O deputado é investigado porque ativamente assinou comunicações pedindo o bloqueio financeiro do país, rejeitando investimentos internacionais."

Trump impediu a empresas americanas a compra de títulos da dívida venezuelana e da petroleira estatal PDVSA e cortou o pagamento de dividendos ou participação de lucros a empresas controladas pelo regime.

As declarações de Rodríguez são feitas após a coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD) dar seu apoio às medidas dos EUA —a chavista chamou os adversários de apátridas.

O ex-presidenciável Henrique Capriles ironizou a constituinte, mencionando o fato de que ela, quando era chanceler, negava que a Venezuela estivesse vivendo uma crise humanitária.

"Como sabem que a crise está crescendo como nunca agora dizem que os barcos que traziam alimentos e remédios não podem vir por causa das benditas sanções. Isso é falso, parem de dizer mentiras e enganar a população."

O vice-presidente da Assembleia Nacional, Freddy Guevara, disse que as sanções viraram a nova desculpa do regime para a escassez. "Não temos nem remédios nem comida aqui há bastante tempo."

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