Guerrilha rompe cessar-fogo e promove atentado na Colômbia

Crédito: Xinhua/Colprensa O chefe negociador do governo da Colômbia, Gustavo Bell (4º à dir), nas negociações de paz com o ELN, com equipe em Quito, no Equador
O chefe negociador do governo da Colômbia, Gustavo Bell (3º à dir), nas negociações de paz com o ELN, com equipe em Quito, no Equador

SYLVIA COLOMBO
DE BUENOS AIRES

O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, repudiou o ataque do ELN (Exército de Liberação Nacional), na madrugada de quarta-feira (10), ocorrido logo após o fim do cessar-fogo que havia sido acertado durante as negociações em curso entre o Estado colombiano e essa guerrilha –hoje a maior do país, após a desmobilização das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), transformadas em um partido político.

Em pronunciamento horas depois do atentado, Santos afirmou que a equipe negociadora do governo, que se encontrava em Quito, sede das conversas, voltaria a Bogotá, interrompendo a nova rodada de negociações entre as duas partes que se iniciaria nesta semana.

"Diante desta grave situação, pedi ao chefe da delegação de governo, Gustavo Bell, que regresse para que possamos avaliar o futuro do processo", disse Santos.

O presidente se referia ao ataque a um oleoduto no Departamento de Casanere, que resultou na morte de um funcionário da empresa Ecopetrol, principal petrolífera do país. Além da vítima, o atentado causou vazamentos de gás e de petróleo que obrigaram as autoridades locais a retirar várias famílias.

"Também me comuniquei com os altos comandos de nossas Forças Armadas para que cumpram seu dever constitucional de reagir a essa agressão", completou Santos, dando como encerrada a possibilidade de que o cessar-fogo pudesse ser renovado nesta semana. Esta era a expectativa do governo, apoiado por pedidos da Igreja Católica e das Nações Unidas.

REPERCUSSÃO POLÍTICA

Trata-se de um revés importante para o governo do Prêmio Nobel da Paz, a sete meses do fim de seu mandato e com popularidade em queda.

Gera incerteza, ainda, num país que está a poucos meses de eleições legislativas (março) e presidenciais (maio), nas quais a discussão sobre a eficácia dos acordos de paz será central, e que terão, pela primeira vez, ex-integrantes das Farc como candidatos ao Congresso e à Presidência.

ACORDO DIFÍCIL

A trégua entre o governo e o ELN havia sido iniciada em 1º de outubro. Porém, já desde o início das negociações entre as duas partes, esse acordo vem se mostrando muito mais difícil de amarrar do que o assinado com as Farc.

Isso porque o ELN insiste em não suspender, enquanto o acordo não for terminado, suas atividades criminosas, como o sequestro e a extorsão, alegando que são seu modo de sobrevivência enquanto não acertam como seria sua reintegração à sociedade.

Santos, porém, disse que a interrupção não significa o fim das negociações. "Meu compromisso com a paz tem sido e será indeclinável. Mas só se chega a paz com atos concretos de paz e o ELN não vem cumprindo essa parte."

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.