Senado aprova adesão a tratado que regulamenta comércio de armas

Brasil foi um dos primeiros a assinar acordo, mas trâmite levou mais de 4 anos

Militante ergue fuzil em comício para comemorar um ano de ataques sauditas na guerra civil do Iêmen
Militante ergue fuzil em comício para comemorar um ano de ataques sauditas na guerra civil do Iêmen - Mohamed al-Sayaghi - 26.mar.16/Reuters
São Paulo

O plenário do Senado brasileiro aprovou nesta quinta-feira (8) a adesão ao Tratado sobre o Comércio de Armas (TCA), que agora segue para a promulgação do presidente Michel Temer.

A aprovação ocorre quatro anos e meio depois de o Brasil ter assinado o tratado, em junho de 2013, tendo sido um dos primeiros países a assiná-lo.

O tratado regulamenta o comércio internacional de armas, incluindo tanques, aviões e navios, e proíbe a transferência de armas e munições para países onde as peças serão usadas para facilitar crimes contra a humanidade.

A adesão brasileira ao TCA foi marcada por uma lenta tramitação. Assinado ainda no primeiro governo Dilma Rousseff, o texto ficou por 525 dias com o Executivo e chegou à Câmara em dezembro de 2015. No Legislativo, foram mais de dois anos de discussões.

A ratificação do Acordo de Paris sobre as mudanças climáticas, por exemplo, passou por Câmara e Senado em menos de três meses.

O Brasil será o 90º país a ratificar o tratado, que entrou em vigor em dezembro de 2014, quando atingiu a marca de 50 ratificações.

Organizações de defesa dos direitos humanos avaliam que o TCA permite a certificação de que o país é um exportador responsável. Exportadores relevantes como Áustria, Alemanha e Itália já ratificaram o acordo.

Em um relatório, a ONU afirmou que em 2015 a fabricante brasileira Forjas Taurus enviou 8.000 armas a um iemenita filho de um dos maiores traficantes internacionais. O Iêmen está mergulhado em uma guerra civil que já deixou 10 mil mortos.

Críticos do tratado argumentam que grandes compradores como China e Rússia sequer assinaram o TCA.

Os Estados Unidos, maior fabricante de armas do mundo, assinaram sob o governo de Barack Obama, mas não ratificaram —cenário que ficou mais improvável na administração Donald Trump, que é próximo do lobby pró-armas.

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