Descrição de chapéu onu

Apesar de bombardeios, ajuda humanitária é entregue em Ghouta

Comitê Internacional da Cruz Vermelha diz que combates chegaram "extremamente perto" de comboio

Comboios de ajuda humanitária são vistos na cidade de Douma, em Ghouta Oriental, na Síria
Comboios de ajuda humanitária são vistos na cidade de Douma, em Ghouta Oriental, na Síria - Omar Sanadiki/Reuters - REUTERS

 
Beirute | Reuters

Um comboio de ajuda humanitária emergencial cruzou as fronteiras para o encrave rebelde de Ghouta Oriental, na Síria, e entregou seus suprimentos nesta sexta-feira (9), enfrentando tiros de artilharia e bombardeios na área em meio a uma ofensiva das forças do governo do ditador Bashar al-Assad.

Os 13 caminhões descarregaram toda a comida na cidade de Douma e retornaram para território controlado pelo governo, apesar dos combates que, segundo o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), chegaram "extremamente perto" do comboio. 

Em menos de duas semanas, o Exército sírio retomou quase todo o território em Ghouta com a ajuda de quase ininterruptos bombardeios e ataques aéreos, deixando apenas um punhado de cidades sob controle insurgente. 

A investida matou mais de 1.000 pessoas, afirmou Médicos Sem Fronteira na quinta-feira (8). O Observatório Sírio de Direitos Humanos, que monitora a guerra, deu uma cifra de 950 civis mortos na campanha nesta sexta. 

Para os civis de Ghouta, presos em abrigos subterrâneos mas privados de água e comida, há um constante dilema: buscar suprimentos ou manter-se em segurança. 

"As pessoas tiveram esperança depois que os bombardeios diminuíram e saíram para as ruas. Mas então os ataques aéreos recomeçaram, e ainda há gente nos destroços que não conseguimos retirar", afirmou Moayad al-Hafi, na cidade de Saqba.

A Síria e sua aliada Rússia disseram que o ataque era necessário para impedir ataques rebeldes da capital, Damasco, e do fim do controle de insurgentes islamitas sobre civis em Ghouta, onde cerca de 400 mil pessoas vivem.

Mas o chefe de direitos humanos da ONU, Zeid Ra'ad al-Hussein, afirmou que o ataque era "legalmente e moralmente insustentável". 

Robert Mardini, diretor do CICV no Oriente Médio, disse em nota: "Fomos surpreendidos pelos ataques que começaram apesar das garantias". 

A comida deveria ter sido entregue na segunda-feira, mas os combates impediram que toda a carga fosse retirada dos caminhões.

As 2.400 rações entregues podem sustentar 12 mil pessoas por um mês, e 3.248 sacos de farinha também foram descarregados, afirmou o CICV

Bilal Abu Salah, morador de Douma, disse que a escassez de alimentos está causando muito sofrimento. "Famílias inteiras comem uma refeição em vários dias", ele disse. 

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