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Guerra na Síria, 7

Sem desfecho à vista, conflito causa a maior crise de refugiados desde o fim da Segunda Guerra

Homem caminha em meio a imóveis e veículos atingidos por bombardeios, em Douma, na Síria
Homem caminha em meio a imóveis e veículos atingidos por bombardeios, em Douma, na Síria - Hamza Al-Ajweh - 25.fev.2018/AFP

A guerra na Síria completará sete anos no dia 15 sem desfecho à vista e em meio a um teatro de operações inédito neste milênio.

O que começou como um conflito civil de rebeldes que queriam derrubar o regime de Bashar al-Assad descambou para uma guerra envolvendo potências regionais e mundiais, uma facção terrorista, uso de armas químicas contra civis e a maior crise de refugiados desde o fim da Segunda Guerra, com consequências globais.

Estimativa feita pelas Nações Unidas em abril de 2016 apontava 400 mil mortes. Centros de estudos e organizações não governamentais projetam que os mortos, no fim de 2017, se aproximavam de meio milhão.

Somem-se a isso 5 milhões de refugiados, ou quase 20% do que era a população do país em 2010. Além disso, 1 de cada 3 sírios que continuam no território foi obrigado a deixar sua casa. 

Não há dado confiável de quantos mortos são civis. Há, contudo, pistas do impacto dos bombardeios, parte dos quais realizada por potências que apoiam um dos lados em campo, na população. 

Estudo conduzido pela equipe da epidemiologista Debarati Guha-Sapir, da Universidade Católica de Louvain (Bélgica), indica que 97% dos que perderam a vida nesses ataques, nos primeiros cinco anos e meio de guerra, eram civis. 

Os bombardeiosconclui o estudo, publicado na revista científica The Lancet— tornaram-se a principal causa da morte de mulheres e crianças no país. De 9% das vítimas nos dois primeiros anos de conflito, as crianças passaram a 25%.

Desde o ano passado, com o enfraquecimento do Estado Islâmico e a redução do território sob controle da facção, a carnificina no conflito vinha diminuindo —mas a recente e sangrenta ofensiva do regime contra o bastião rebelde de Ghouta, um encrave próximo a Damasco, pode mudar a tendência.

A violência é proporcional ao número de envolvidos, com interesses geopolíticos, econômicos, religiosos e domésticos intrincados.

Rússia e Irã, que apoiam o regime; EUA e rebeldes curdos, que apoiam os insurgentes, como a Arábia Saudita; e a Turquia, que combate os curdos. 

É caso arquetípico de “guerra por procuração”, quando potências se confrontam por meio de terceiros e tornam a possibilidade de solução negociada uma quimera.

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