Em apoio a Londres, Otan anuncia expulsão de sete diplomatas russos 

Medida foi tomada um dia após EUA e países europeus fazerem gesto semelhante

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Madri

​Um dia após os EUA e diversas nações europeias adotarem uma medida semelhante, a Otan anunciou nesta terça-feira (27) que vai expulsar sete diplomatas russos. O gesto aprofunda a crise diplomática entre Moscou e outras potências globais.

A Organização do Tratado do Atlântico Norte, uma aliança militar ocidental, também reduziu as dimensões da delegação russa de 30 pessoas para apenas 20, disse o secretário-geral Jens Stoltenberg durante seu anúncio em Bruxelas.

Assim, além dos sete diplomatas expulsos, outros três nomes indicados por Moscou que aguardavam autorização da Otan tiveram suas credenciais barradas e não poderão fazer parte da missão.  

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, em Bruxelas durante o anúncio da expulsão dos diplomatas russos
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, em Bruxelas durante o anúncio da expulsão dos diplomatas russos - Emmanuel Dunand/AFP

No conjunto, as expulsões de diplomatas nesta semana representam o golpe coordenado mais severo dado nos serviços de inteligência russos desde o fim da Guerra Fria em 1991.

“Isso envia uma mensagem clara à Rússia de que existem custos e consequências para seu padrão de comportamentos inaceitáveis”, afirmou o norueguês Stoltenberg, referindo-se às acusações de um ataque russo com agente neurotóxico no Reino Unido.

Por essa mesma razão, governos de 23 países haviam anunciado na véspera a expulsão de dezenas de diplomatas russos. Outras nações se uniram nesta terça-feira à onda de represálias, como a Irlanda e a Moldávia.

Ao menos 60 diplomatas terão de sair dos EUA. O presidente americano, Donald Trump, decidiu também fechar o consulado russo em Seattle, no estado de Washington.

A Otan, que estabelece um pacto de defesa entre seus membros, tem incrementado sua presença nas fronteiras russas durante os últimos anos.

ESPIÃO

Londres acusa a Rússia de ser responsável pelo envenenamento do ex-espião russo Serguei Skripal no início de março. Além de negar sua participação, Moscou disse que as acusações são absurdas. .

Com a expulsão de diplomatas tanto dos EUA quanto da União Europeia e da Otan, porém, esses governos e órgãos sinalizam que apoiam a primeira-ministra britânica, Theresa May.

É uma vitória e tanto para May, que nos últimos meses vinha sofrendo repetidas derrotas dentro da União Europeia. Surpreende o apoio recebido justamente quando ela negocia a saída britânica do bloco econômico.

Com isso, EUA e UE enviaram um claro aviso ao presidente russo Vladimir Putin, recém reeleito, de que há uma frente coordenada —algo que talvez lhe surpreenda, depois de ter consolidado suas posições na Crimeia e na Síria nestes últimos anos.

O Reino Unido afirma que o agente Skripal e sua filha, Iulia, foram envenenados em Salisbury, na Inglaterra, com o agente neurotóxico Novitchok, de produção russa. Eles estão internados.

“O ataque contra nosso aliado, o Reino Unido, põe muitas vidas inocentes em risco”, disse o Departamento de Estado americano em uma nota.

O embaixador russo nos EUA, por sua vez, afirmou que o governo de Trump está “destruindo o pouco que sobrou” da relação bilateral. Em uma enquete online, a embaixada russa perguntou qual consulado americano deveria fechar como represália.

Já o chanceler Serguei Lavrov acusou Washington de chantagear seus aliados para expulsar diplomatas russos e disse haver poucos países independentes na Europa moderna.

“Quando um ou dois diplomatas têm de deixar este ou aquele país, com pedidos de desculpas sussurrados em nossos ouvidos, sabemos com segurança que é o resultado de uma enorme pressão”, disse Lavrov na terça-feira, culpando o governo americano.

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