Oposição relança tentativa de destituir presidente do Peru

Deputados alegam que Pedro Pablo Kuczynski mentiu sobre elo com Odebrecht

O presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, faz discurso ao Congresso durante processo por sua destituição, em Lima - Mariana Bazo - 21.dez.2017/Reuters
São Paulo e Lima | Reuters e AFP

Deputados peruanos da oposição apresentaram nesta quinta-feira (8) uma nova moção de vacância pela destituição do presidente Pedro Pablo Kuczynski, acusando-o de "incapacidade de moral" por ter mentido sobre suas ligações com a construtora brasileira Odebrecht.

A moção foi assinada por dois partidos minoritários de esquerda e recebeu o apoio do fujimorista Força Popular (direita populista), o maior partido no Congresso, embora seja incerto que tenha os votos para ser aprovado. Constam 30 assinaturas, e pelo menos 87 votos são necessários para realizar o impeachment de Kuczynski, conhecido pela sigla PPK.

Uma tentativa anterior de remover PPK do cargo em dezembro fracassou, após o presidente ter negociado apoio em troca de indulto ao ex-presidente Alberto Fujimori. 

"Não há argumento válido para proceder com o impeachment. Nenhum", escreveu Kuczynski no Twitter. "Uma segunda tentativa destrói o país e custa a todos nós."

Na semana passada, o ex-dirigente da Odebrecht no Peru Jorge Barata afirmou ao Ministério Público que a construtora fez repasses em caixa dois para campanhas eleitorais de PPK, de outros três ex-chefes do Executivo do país e da líder opositora Keiko Fujimori.

De acordo com Barata, que ocupou o cargo de diretor-superintendente da Odebrecht no Peru, a campanha de Kuczynski recebeu US$ 300 mil da empresa no ano de 2011, quando ele ficou em terceiro lugar no pleito presidencial.

 "Declara-se a permanente incapacidade moral do presidente da República conforme estabelecido no artigo 113 da Constituição", indica a moção, entregue à mesa do Congresso    

texto da moção afirma que, desde dezembro, "novas evidências foram reveladas esclarecendo e aprofundando a séria má-conduta " do presidente. Entre as evidências, cita cinco visitas de Barata a PPK,  entre março de 2004 e junho de 2005, afirma o jornal El Comercio.

A moção considera que os argumentos de defesa apresentados pelo presidente no processo de vacância "foram falsos, demonstrando-se que não tem nenhum problema continuar mentindo de maneira reiterada e permanente, com objetivo de beneficiar-se pessoalmente e manter-se no governo". 

Ainda não há previsão de votação da nova moção. 

A primeira-ministra peruana, Mercedes Aráoz, questionou a nova moção, afirmando que a oposição está agindo por "vingança e revanche", segundo o jornal El Comercio.

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