Líder socialista assume governo da Espanha após derrotas eleitorais

Pedro Sánchez, 46, terá o desafio de governar sem maioria parlamentar

Madri

​Pedro Sánchez é um sobrevivente. Perdeu as eleições nas duas vezes em que concorreu, amargou resultados historicamente ruins, foi expulso da liderança do próprio partido --e conseguiu por fim assumir o cargo de primeiro-ministro espanhol nesta sexta-feira (1°).

Nascido no subúrbio madrilenho de Tetuán, espichado em 1,90 metro de altura, Sánchez, 46, foi das quadras de basquete às classes de economia, uma disciplina que lecionou depois de ter estudado em Bruxelas. Ele se filiou ao PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) em 1993.

O novo primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sanchez (dir.), cumprimenta Mariano Rajoy, destituído do governo nesta sexta-feira (1º) após a eclosão de um escândalo de corrupção
O novo primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sanchez (esq.), cumprimenta Mariano Rajoy, destituído do governo nesta sexta-feira (1º) após a eclosão de um escândalo de corrupção - Pierre-Philippe Marcou/Pool via Reuters

Foi uma veloz carreira política, com uma passagem como conselheiro na Prefeitura de Madri. Sánchez se elegeu deputado em 2009 e inesperadamente se tornou o líder socialista quando seu partido decidiu realizar pela primeira vez as suas eleições primárias em 2014.

Os resultados, no entanto, não foram auspiciosos. Nas eleições de 2015, conseguiu apenas 90 cadeiras. Quando o país voltou às urnas em 2016, o número caiu para só 85. As cifras historicamente ruins —eram 110 assentos antes de ele assumir— fizeram com que a sua liderança fosse contestada. Ele foi temporariamente retirado pelos próprios companheiros da chefia socialista, e parecia estar liquidado.

Sánchez manobrou a sigla, no entanto, e voltou ao poder nas primárias de 2017 com o apoio da base. Quando viu o governo do ex-premiê conservador Mariano Rajoy ruir sob um escândalo de corrupção na semana passada, encontrou sua oportunidade: imediatamente apresentou uma moção de censura, recolheu votos a favor e derrubou seu rival.

Sua gestão carregará a suspeita de ter sido oportunista, algo verbalizado pelo próprio Rajoy na quinta-feira (31) —o conservador disse que Sánchez manobrou o Congresso por não ter chances nas urnas. O número três do PP, Fernando Martínez-Maillo, afirmou recentemente que o socialista entrará para a história como um Judas.

Sánchez também terá o desafio de governar sem uma maioria parlamentar (tem 84 cadeiras, em um total de 350), e as perspectivas são de que convoque novas eleições já durante os próximos meses. Até que seu breve mandato chegue ao fim, tentará reverter a baixa popularidade do partido antes de voltar às urnas --onde, segundo as pesquisas correntes, perderá uma outra vez.

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