Descrição de chapéu Espanha

Na Espanha, Rajoy pode enfrentar moção de censura devido a caso de corrupção

Oposição, no entanto, deve enfrentar dificuldades para obter os 176 votos necessários

O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, fala à imprensa no Palácio de Moncloa
O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, fala à imprensa no Palácio de Moncloa - Reuters
Madri | AFP, Reuters e Associated Press

O primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, foi ameaçado com uma moção de censura e exigências de uma eleição antecipada nesta sexta-feira (25), como resultado de um julgamento de corrupção envolvendo membros de seu partido no qual um juiz pôs em dúvida seu depoimento.

Rajoy disse que enfrentará a moção de desconfiança e concluirá seu mandato de quatro anos, descartando antecipar a eleição.

“Isto vai contra a estabilidade política que nosso país precisa e vai contra a recuperação econômica. É ruim para a Espanha.”

O oposicionista PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) anunciou nesta sexta-feira que registrou no Parlamento uma moção de censura contra o governo de Rajoy, para tentar derrubar o Executivo e formar um novo governo.

O objetivo é formar um governo alternativo ao de Rajoy, que seria substituído por Pedro Sánchez, líder dos socialistas.

Para alcançar o objetivo, a moção precisa do apoio de 176 deputados de um total de 350, uma maioria difícil de alcançar por uma oposição muito dividida. O PSOE tem 84 cadeira, ante 137 do Partido Popular (PP), de Rajoy.

A maioria exigiria o apoio não só do partido de esquerda Podemos, que já anunciou o respaldo, mas também dos siglas nacionalistas bascas e catalãs, uma opção muito complicada, pois Sánchez estabeleceu uma frente comum com o governo do PP ante o desafio separatista da Catalunha.

A maioria seria a única possível, já que o partido centrista Cidadãos, que tem 32 deputados e que é quem garante o governo de minoria liderado por Rajoy, avisou que não vai apoiar a moção de censura, mas exige que o premiê convoque eleições nas próximas semanas.

Caso a eleição não seja convocada, o partido já deu um ultimato: o primeiro-ministro enfrentará uma segunda moção de desconfiança da sigla.

O líder do Cidadãos, Albert Rivera, afirmou que a condenação do PP “liquidou a legislatura”.

A crise explodiu um dia depois do anúncio da condenação do PP como beneficiário de um caso de financiamento ilegal, no maior caso de corrupção da história moderna do país.

A Justiça espanhola condenou na quinta-feira (24) o empresário Francisco Correa a 51 anos de prisão. O esquema, conhecido como Operação Gürtel e cuja trama foi comparada à investigada pela Lava Jato no Brasil, atinge em cheio o governo espanhol.

Dos 37 acusados, 29 foram condenados a um total de 351 anos. Os crimes analisados foram cometidos na primeira fase da trama, de 1999 a 2005. Segundo a corte, são delitos que incluem fraude, falsificação de documentos, mau uso de verbas e tráfico de influência.

O tribunal também condenou Luis Bárcenas, ex-tesoureiro do Partido Popular que igualmente deu nome a um escândalo de financiamento ilegal, a 33 anos de prisão e uma multa de € 44 milhões (R$ 183 milhões) –ele sonegou impostos e cobrou comissões em contratos públicos, segundo a corte.

O caso de Bárcenas é delicado devido a sua proximidade com Rajoy.

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