Descrição de chapéu Coreia do Norte

Dezenas de sul-coreanos se dirigem ao Norte para reencontro

Melhora das relações entre os vizinhos permitirá a reunião de 89 famílias separadas pela guerra

Os sul-coreanos aguardam antes de cruzar a fronteira para o reencontro com familiares
Os sul-coreanos aguardam antes de cruzar a fronteira para o reencontro com familiares - Kim Hong-ji/Reuters
Sokcho (Coreia do Sul) | AFP

Dezenas de sul-coreanos iniciaram nesta segunda-feira (20, noite de domingo no Brasil) uma viagem terrestre para a Coreia do Norte, onde se reunirão com familiares pela primeira vez em 65 anos, desde a separação após a guerra entre os vizinhos. 

Os 89 idosos sul-coreanos e seus companheiros de viagem deixaram a cidade portuária de Sokcho (a cerca de 50 km da fronteira), em 14 carros e acompanhados por uma escolta policial, em direção à Coreia do Norte.  

Esta nova série de reuniões de famílias divididas, a primeira em três anos, foi possível apenas pela distensão registrada na península desde o início do ano.

Os primeiros encontros acontecerão já nesta segunda, na localidade turística do Monte Kumgang.

A Guerra da Coreia (1950-1953) separou milhões de pessoas. Lee Keum-seom, de 92 anos, é uma delas e, desde então, não viu seu filho, agora com 71 anos.

Durante a fuga, perdeu seu marido e seu filho de quatro anos. Partiu em uma balsa para o Sul com sua filha, que a acompanhará na segunda-feira para vê-lo.

"Não sei o que sinto, se é positivo, ou negativo", diz Lee. "Não sei se é real, ou um sonho", completou.

No Sul, ela voltou a se casar e criou sete crianças, mas nunca deixou de se preocupar com aquele filho. "Onde viveu? Com quem? Quem o educou? Tinha apenas quatro anos", relembra.

A Guerra da Coreia acabou com um armistício, sem a assinatura de um tratado de paz, e por isso os dois países ainda estão tecnicamente em estado de guerra, e as comunicações civis estão proibidas.

Desde 2000, os dois países organizaram 20 séries de reuniões de famílias divididas, geralmente graças à melhoria das relações bilaterais. Mas o tempo está contado, devido à idade dos sobreviventes.

Um total de 130 mil sul-coreanos se apresentou como candidatos a essas reuniões, mas a grande maioria morreu, e muitos estão com mais de 80 anos —incluindo um com 101. 

Por isso, alguns cancelaram a viagem por motivos de saúde. Neste domingo (19), eram 89, acompanhados de familiares em Sokcho, onde passaram a noite antes de viajar ao Norte.

Lee Keum-seom é uma das poucas que verá um filho.

Alguns sul-coreanos escolhidos aleatoriamente para a reunião deste ao ano desistiram ao saber que seu pai, mãe, irmão, ou irmã do outro lado da fronteira havia falecido e conheceriam somente parentes distantes.

Lee Kwan-joo, de 93 anos, é uma exceção. Quer conhecer sobrinhos para ter ideia da vida que seus pais e seus seis irmãos levaram no Norte antes de morrerem. Em 1945, Lee foi enviada para uma escola no Sul, e a guerra selou a separação para sempre.

"Fico feliz de saber que poderei conhecer meu sobrinho e minha sobrinha, embora eu sequer tenha visto seus rostos", declara. "Quero apenas perguntar como morreram meus irmãos, irmãs e pais", acrescentou.

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