Ataques a mercado e a consulado chinês no Paquistão deixam 39 mortos

Não há indícios de que atentados no país foram coordenados

Soldados paramilitares se protegem em muro em meio a tiroteio com separatistas no Consulado da China em Karachi, no Paquistão - Akhtar Soomro/Reuters
Karachi (Paquistão)

A explosão de uma bomba em um mercado de rua em Klaya, no noroeste do Paquistão, deixou ao menos 35 mortos, segundo a polícia local. Poucas horas antes, três separatistas com armas e bombas tentaram invadir o Consulado Chinês em Karachi, em uma ação que deixou dois policiais e dois civis mortos.

O policial Tahir Ali disse que mais de 50 pessoas ficaram feridas na explosão de uma bomba escondida em uma caixa de legumes no mercado em Klaya, que fica na província de Khyber Pukhtunkhwa, na fronteira com o Afeganistão. O governo local decretou situação de emergência nos hospitais locais.

A maioria dos mortos eram muçulmanos xiitas, minoria no país. A região tem sido alvo frequente nos últimos anos de ataques perpetrados pela maioria sunita. O premiê paquistanês, Imran Khan, condenou o ataque, que classificou de ato de terrorismo.

Familiares acompanham um dos atingidos pela explosão em um mercado do Paquistão - Abdul Majeed/AFP

Em Karachi, três homens em um carro com bombas tentaram entrar no consulado chinês pouco depois das 9h (2h em Brasília). Eles abriram fogo contra o prédio e lançaram granadas, passando pelo portão principal, segundo Mohammad Ashfaq, chefe de polícia local. O grupo foi então cercado por forças de segurança paquistanesas, que mataram um dos terroristas.

Em meio a um tiroteio que durou cerca de uma hora, os outros dois homens tentaram entrar pela seção de concessão de vistos, mas também foram mortos. 

Segundo a polícia local, houve uma explosão que destruiu três carros estacionados perto do consulado. Não ficou claro o que a causou.

Ao menos dois policiais e um pai e um filho que estavam no consulado para buscar seus vistos morreram na ação, que foi reivindicada pelo Exército de Libertação do Baluchistão (ELB), um, grupo insurgente separatista que se opõe aos projetos chineses na província do Baluchistão, no sudoeste do Paquistão. 

O ministro de Relações Exteriores do Paquistão, Shah Mahmood Qureshi, afirmou que nenhum diplomata chinês foi ferido. O diplomata chinês, Wang Yi, disse estar chocado com o ataque e pediu que o Paquistão previna novos ataques.

Este foi o mais proeminente ataque contra a China em território paquistanês. O país comunista é um parceiro próximo e estratégico de Islamabad, com investimentos de bilhões de dólares em projetos no território paquistanês. O premiê Khan disse que o ataque é "parte de uma conspiração contra a cooperação econômica e estratégica" dos dois países.

Foi ainda a maior ação orquestrada pelo ELB em anos. O grupo costuma organizar ataques de pequena escala no Baluchistão.

O porta-voz do grupo insurgente, Jiand Baloch, confirmou que três de seus integrantes realizaram o ataque. "A China está explorando nossos recursos", disse Baloch à agência de notícias Reuters. 

No Baluchistão, região rica em minérios e reservas de gás natural, a China financiou o desenvolvimento de um porto de águas profundas na cidade de Gwadar e outros projetos do chamado Corredor Econômico China Paquistão. Os investimentos chineses no país são estimados em US$ 60 bilhões. 

O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China, Geng Shuang, disse que o ataque não afetará os investimentos do país nos projetos em solo paquistanês. 

A segurança na capital do Baluchistão, Quetta, foi reforçada e mais agentes de segurança foram enviados para os consulados iraniano e afegão.

Associated Press e Reuters

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