Entenda próximos passos no Reino Unido após voto de desconfiança contra May

Primeira-ministra precisa de apoio de mais da metade da bancada para se manter no cargo

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São Paulo

A primeira-ministra britânica Theresa May terá que passar nesta quarta-feira (12) por um voto de desconfiança interno de seu Partido Conservador que poderá obrigá-la a deixar o cargo no meio das negociações para a saída do país da União Europeia, o "brexit". 

A decisão aconteceu após mais de 15% dos deputados da sigla (48 dos 315) enviarem uma carta para um comitê partidário questionando a liderança de May, o que obriga a realização automática da votação. 

A votação ocorrerá das 18h às 20h do horário local (16h às 18h de Brasília) e antes May terá a chance de se dirigir a seus correligionários. A expectativa é que o resultado seja anunciado por volta das 21h locais (19h de Brasília). 

Theresa May discursa na frente de sua residência em Londres após o voto de desconfiança ser confirmado
Theresa May discursa na frente de sua residência em Londres após o voto de desconfiança ser confirmado - Peter Nicholls - 12.dez.18/Reuters

Na cédula, os deputados terão duas opções de voto: "eu tenho confiança em Theresa May como líder do Partido Conservador" ou "eu não tenho confiança em Theresa May como líder do Partido Conservador". 

Para se manter no cargo, ela precisa do voto de ao menos 158 parlamentares —mais da metade da bancada. Caso consiga, se manterá como líder do partido e não poderá ser desafiada novamente por um ano. 

A tendência até o momento é que ela consiga se manter no comando do partido, já que mais de 158 deputados já anunciaram publicamente apoio, segundo a rede de TV britânica BBC. Mas como a votação é secreta, podem acontecer surpresas.  

Mesmo se vencer, porém, ela ainda pode renunciar ao cargo. Tradicionalmente é isto que acontece  quando votação é apertada. Essa é a primeira vez que ela é desafiada desde que chegou ao comando da sigla em 2016, logo após a renúncia de James Cameron após o plebiscito do "brexit". 

Caso ela seja derrotada, o partido vai iniciar o processo para escolher um novo líder. May não poderá participar da disputa, mas se manterá como primeira-ministra até uma definição.

Não há prazo para que uma decisão da sigla, mas o processo costuma demorar até seis semanas e há ainda um recesso de final de ano.

Segundo o pré-acordo do "brexit", porém, no dia 21 de janeiro o primeiro-ministro britânico deverá apresentar para o Parlamento as opções de como a saída da União Europeia vai acontecer. Por isso, a expectativa é que até esta data um novo líder dos conservadores já tenha sido escolhido.

O processo de escolha é feito em duas etapas. Na primeira votam apenas os deputados da sigla. Os dois primeiros colocados passam então para a próxima fase, na qual todos os filiados podem votar. 

O vencedor se torna então o líder do partido e a tendência é que seja eleito pelo Parlamento como novo primeiro-ministro, mas isto não é garantido. 

Embora seja o maior partido da Casa, os conservadores não tem maioria e governam com apoio do DUP, uma sigla da Irlanda do Norte que tem dez deputados. 

O DUP até o momento afirmou que pretende manter a coalizão independente de quem seja o novo líder , mas alguns deputados conservadores já anunciaram que não apoiarão um representante da ala mais radical do partido —como o ex-prefeito de Londres Boris Johnson— como novo premiê. 

Neste caso, a tendência seria a convocação de novas eleições, o que abriria a porta para que o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, se tornasse primeiro-ministro, já que a sigla lidera as pesquisas. 

Isso, porém, provavelmente obrigaria a um adiamento do "brexit", que está marcado para 29 de março. May já afirmou que caso ela seja derrotada, o prazo terá que ser estendido, mas seus rivais afirmam que isso não será necessário.  

Sua condução do "brexit" é o principal motivo que levou a convocação do voto de desconfiança, com diversas alas se manifestando contra a negociação feita por ela com a União Europeia. A votação desse acordo, que estava marcada para terça (11) teve que ser adiada na véspera porque o governo iria ser derrotado. 

Existe ainda a possibilidade de que Corbyn peça um voto de desconfiança do Parlamento contra ela, um processo que ocorre de forma separada. Para ter sucesso, porém, ele teria que conseguir o apoio do DUP ou convencer parte dos conservadores a votar com a oposição, o que até o momento não aconteceu.

 
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