Facebook é alvo de processo nos EUA por violar dados no caso Cambridge Analytica

Ação é o maior passo dado até agora por autoridades americanas para punir empresa por escândalo

Danielle Brant
Nova York

O procurador-geral do Distrito de Colúmbia, Karl Racine, entrou com uma ação nesta quarta-feira (19) contra o Facebook por ter permitido que a consultoria política Cambridge Analytica tivesse acesso a nomes, curtidas e outros dados pessoais de milhões de usuários da rede social sem autorização deles.

Homem em frente à logomarca do Facebook exibida em telão em Paris
Homem em frente à logomarca do Facebook exibida em telão em Paris - Joel Saget - 16.mai.18/AFP

A decisão é o maior passo dado até agora por autoridades dos EUA no sentido de punir a empresa por seu envolvimento com a consultoria. O Facebook está sujeito a multas ainda mais pesadas e a outras punições enquanto prosseguem as investigações em níveis federal e estadual.

O processo é o mais recente problema a cair sobre os ombros do Facebook, que tem recebido fortes críticas pela forma como gerencia as informações pessoais de quem usa a rede.

Na última sexta-feira (14), a empresa admitiu que algumas fotos de usuários podem ter sido acessadas de forma imprópria por outros aplicativos.

O acesso que outras empresas de tecnologia tinham aos dados dos usuários era maior do que o revelado pelo Facebook, que costumava eximir parceiros de negócios das regras de privacidade da rede social.

A empresa tem enfrentado uma série de escândalos. Em março, tornou-se público o caso da Cambridge Analytica. Com dados dos usuários da rede social, a firma conseguiu montar perfis de eleitores a serem bombardeados com mensagens políticas dentro da plataforma.

A prática teria ajudado a campanha presidencial de Donald Trump, em 2016. O caso afetou informações de até 87 milhões de pessoas, a maioria nos Estados Unidos.

Em abril, Zuckerberg havia prometido a legisladores americanos que os usuários tinham pleno controle de tudo que compartilhavam no Facebook.

No dia 15 de novembro, ele publicou um documento descrevendo os planos do Facebook para ser mais transparente na gestão do conteúdo que circula pela rede.

Mas, segundo o The New York Times, ainda assim as empresas tiveram acesso aos dados de usuários, o que poderia violar um acordo com a Federal Trade Commission que impede a rede social de compartilhar informações de usuários sem permissão explícita.

Uma pessoa familiarizada com o processo do procurador e ouvida pelo The Washington Post afirmou que a ação referente à Cambridge Analytica pode, no futuro, sofrer alterações para incluir as acusações mais recentes de coleta e uso impróprios de dados.

Em entrevista, Steve Satterfield, diretor de privacidade e políticas públicas do Facebook, afirmou que nenhuma das parcerias violava a privacidade dos usuários ou o acordo com a FTC.

Uma porta-voz da rede social afirmou que a empresa não encontrou evidências de abuso por seus parceiros.

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