Internet móvel começa a funcionar em Cuba, mas preços são pouco acessíveis

Pacote mensal de 4 GB custa o mesmo que o salário mensal médio do cubano

Homem usa a internet no seu celular em Havana, no dia em que Cuba liberou acesso completo ao serviço - Yamil Lage/AFP
Havana | AFP

Os cubanos passaram a ter acesso completo à internet nos celulares a partir desta quinta-feira (6). A ilha comunista, um dos últimos países do mundo a permitir a internet mobile, anunciou a mudança nesta terça-feira (4).

O serviço começou a funcionar às 8h (11h em Brasília) e será instalado gradualmente ao longo de três dias. Até então, os moradores da ilha tinham acesso via celular apenas a um serviço de e-mail, controlado pelo governo.

Aos clientes da companhia telefônica estatal Etecsa, que tem monopólio do setor, cada megabyte (MB) consumido custará US$ 0,10 (R$ 0,39). Há ainda opções de pacotes mensais de 600 MB por US$ 7 (R$ 27,42), 1 gigabayte (GB) a US$ 10 (R$ 39,17), 2,5 GB por US$ 20 (78,34) e 4 GB por US$ 30 (R$ 117,52). Todos bem acima do poder aquisitivo cubano, onde o salário médio equivale a US$ 30.

No Brasil, é possível contratar pacotes adicionais de internet no celular por R$ 3,99 (150 MB) ou R$ 7,99 (400 MB).

Apesar dos altos custos, o país tem cerca de 5,3 milhões de linhas de telefonia móvel, pouco menos da metade de sua população de 11,2 milhões de habitantes. No Brasil, o número de aparelhos já supera o de habitantes, com 233,35 milhões de celulares registrados pela Anatel em outubro passado, ou 111,34 telefones a cada 100 habitantes.

Em 2017, Cuba autorizou o uso de internet nas casas e abriu cerca de 1.200 pontos de conexão wifi públicos em parques e praças ao redor do país. Nestes locais e em cerca de 670 lan houses, os cubanos podem se conectar pagando US$ 1 (R$ 3,90) a hora.

"A opção é boa. O que faz falta é que a Etecsa realmente tenha as capacidades técnicas para oferecer o serviço com estabilidade. Nos testes realizados antes da implementação, muitos problemas ocorreram e eles acabaram monopolizando os servidores do país", disse o engenheiro de computação Enrique Rivero à agência AFP.

Rivero defende que a mudança será positiva para os cubanos se a Etecsa puder desenvolver a capacidade técnica necessária para prestar o serviço com qualidade e, principalmente, diminuir o preço significativamente. "Nosso serviço de Internet talvez seja um dos mais caros do mundo."  

Apesar dos testes malsucedidos, a liberação da internet móvel no país ganhou destaque na imprensa nacional e foi celebrada pelo presidente Miguel Díaz-Canel, em sua conta no Twitter. "Continuamos avançando na informatização da sociedade", escreveu o líder cubano.

Mais de 2 milhões de cubanos vivem em outros países, e a internet é a melhor maneira de comunicação com seus familiares na ilha.

As conexões têm aumentado rapidamente desde 2014, quando os presidentes dos EUA, Barack Obama, e de de Cuba, Raúl Castro, retomaram as relações entre os países. 

A expansão tecnológica não foi reduzida mesmo com a chegada de Donald Trump à presidência dos EUA, em 2016. No fim daquele ano, Cuba assinou um acordo com a Google para obter uma conexão mais rápida ao conteúdo da gigante americana. Dois anos depois, o acesso à rede não melhorou na ilha, continua limitado, lento e caro.

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