O Exército da Nigéria recapturou na terça (15) a cidade da Rann, que havia sido tomada pelo grupo extremista Estado Islâmico do Oeste da África no dia anterior. O confronto destruiu a cidade e fez com que milhares de pessoas tivessem de ir embora em busca de comida e de segurança.
O grupo invasor atacou a cidade por volta das 16h de segunda (14), no horário local, e conquistou Rann após três horas de batalha. O Exército nigeriano recuou, mas voltou com reforços na madrugada de terça (15) e conseguiu expulsar os extremistas.
"O que me impressionou quando chegamos foi o silêncio. Normalmente Rann é agitada, mas estava sinistra e silenciosa, como um cemitério", conta Isa Sadiq Bwala, enfermeiro da entidade Médicos Sem Fronteiras, que esteve na cidade logo após o confronto.
"Muitas partes da cidade foram queimadas. Ainda havia fumaça no céu e as fogueiras ainda queimavam em alguns lugares. Uma mulher idosa morreu dentro de casa em um incêndio que aconteceu por conta dos ataques", relata Bwala.
"A base, o escritório e a farmácia de MSF foram totalmente queimados. Tudo o que resta são pilhas de cinzas. Quando cheguei, a tenda onde guardamos nossos equipamentos ainda estava em chamas. Os edifícios de outras organizações humanitárias também foram saqueados e queimados. Felizmente, todos os nossos profissionais estão seguros".
Após o ataque, milhares de moradores da cidade decidiram ir embora, a maioria para Camarões, pois não há mais condições de vida. "O mercado foi queimado e saqueado –lojas de alimentos também. Não há lugar onde se possa obter comida. As pessoas que não têm comida em casa não conseguem mais obtê-la", diz Bwala.
A MSF estima que 8.000 refugiados chegaram a Bodo, em Camarões, e a expectativa é receber até 15 mil pessoas nos próximos dias.
O Estado Islâmico do Oeste da África (ISWA, na sigla em inglês) foi criado em 2016 a partir de uma dissidência do Boko Haram, grupo extremista islâmico que atua no norte da Nigéria.
O ISWA tem lançado uma série de ataques nas últimas semanas, o que fez com que o tema da segurança ganhe força no debate eleitoral. A Nigéria irá às urnas em 16 de fevereiro.
Em dezembro, o ISWA conquistou a cidade de Baga, onde ficava a base de uma força militar internacional de combate a extremistas. Na ocasião, 30 mil pessoas fugiram. Baga foi retomada na semana passada.
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