Descrição de chapéu Venezuela

Opositores de Maduro planejam entrada simultânea de ajuda por Colômbia, Brasil e mar

Data para que isso aconteça não foi divulgada; governo da Venezuela vetou a entrada de mantimentos

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Voluntário organiza pacotes de ajuda humanitária estocados em Cúcuta, na Colômbia - Raul Arboleda - 9.fev.2019/AFP
Brasília

Escalado pelo líder anti-chavista Juan Guaidó para coordenar o envio de ajuda humanitária internacional à Venezuela, o deputado Lester Toledo afirmou nesta segunda-feira (11) que as forças contrárias a Nicolás Maduro preparam uma entrada simultânea de medicamentos e alimentos no país por três frentes: Colômbia, Brasil e por via marítima.

“O presidente [interino] Juan Guaidó irá anunciar uma data. Nessa data, vindo da Colômbia, do Brasil e por vias náuticas, nós vamos fazer entrar simultaneamente a ajuda humanitária [na Venezuela]. Como um rio humano, com gente, venezuelanos que virão à fronteira buscar eles mesmos a ajuda humanitária”, disse Toledo, em Brasília.

O político, que faz oposição ao ditador Nicolás Maduro, não informou quando essa ação será desencadeada, mas que deve acontecer nas próximas semanas.

Para articular a estratégia, Toledo manteve reuniões nesta segunda com os ministros das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Também participou dos encontros a enviada diplomática de Guaidó para o Brasil, María Teresa Belandria, que atuará como embaixadora do autoproclamado mandatário venezuelano em Brasília. 

Guaidó se declarou presidente interino da Venezuela em 23 de janeiro, um gesto reconhecido pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), pelos EUA e diversos países da América Latina e da Europa.

Nas reuniões, Toledo e Belandria pediram às autoridades brasileiras autorização para a construção de um centro de armazenamento e distribuição de ajuda humanitária em Roraima, que faz fronteira com a Venezuela

Também solicitaram apoio logístico para fazer chegar à divisa alimentos e medicamentos. De acordo com eles, Araújo autorizou a instalação do centro em território brasileiro.

“O governo do Brasil se comprometeu com o presidente interino [da Venezuela] Juan Guaidó para dar-nos todo o apoio possível para o estabelecimento, talvez ao final desta mesma semana, de um centro de ajuda humanitária e de um centro de distribuição para fazer chegar aos venezuelanos a ajuda humanitária que estão solicitando”, afirmou Belandria.

Após a reunião, o Itamaraty publicou uma nota na qual diz que “o governo brasileiro está definindo, em processo de coordenação interministerial, formas do apoio que pode ser prestado ao povo venezuelano”.

“No encontro, entre outros assuntos, foram discutidas possíveis medidas capazes de viabilizar o envio de alimentos e remédios para aliviar o sofrimento a que o povo venezuelano está submetido sob o regime ilegítimo de Maduro”, diz o comunicado do ministério das Relações Exteriores.

Toledo é membro do partido Voluntad Popular, o mesmo de Guaidó.

Ele afirmou que viaja nesta terça-feira (12) a Curaçao, nas Antilhas, para pedir autorização às autoridades holandesas para a instalação de um centro de distribuição de ajuda humanitária no país.

A ideia é que, além do envio de mantimentos da Colômbia e do Brasil, a ajuda humanitária também seja despachada da ilha para a Venezuela em barcos.

O envio de alimentos e medicamentos ao país vizinho, que vive um cenário de grave crise política, de hiperinflação e de desabastecimento, é uma das principais estratégias de Guaidó para tentar reduzir o apoio das Forças Armadas ao ditador Nicolás Maduro.

Guaidó, que desafiou Maduro ao se autoproclamar presidente interino, espera que os militares sejam pressionados pela população necessitada a deixar que os suprimentos entrem na Venezuela.

A construção dos centros de ajuda humanitária ocorre com o apoio dos EUA. O principal deles foi instalado na cidade colombiana de Cúcuta. No entanto, militares venezuelanos bloquearam uma das pontes que ligam a Colômbia à Venezuela para impedir a passagem dos suprimentos.

Toledo afirmou que a estrutura a ser instalada em Roraima será “o segundo grande centro de ajuda humanitária depois do de Cúcuta.” 

Segundo ele, a ajuda humanitária deve ser enviada por distintos países, como EUA, nações europeias e membros do Grupo de Lima.

“Há dezenas de países que estão prontos para trazer as primeiras toneladas de ajuda, de insumos médicos e alimentação para o nosso povo. Isso, sem a cooperação e a boa vontade do governo do Brasil, seria impossível”, disse. 

Nesta terça (12), a oposição, convocada por Guaidó prepara para marchar a fim de exigir aos militares que desconheçam a ordem de Maduro de impedir a entrada de ajuda humanitária americana.

Guaidó convocou manifestações “para enviar uma mensagem” às Forças Armadas.

“A organização e mobilização de todos será crucial para que a ajuda entre e chegue ao fim a usurpação”, afirmou Guaidó, informando que quase 100 mil voluntários se inscreveram para colaborar. 

Maduro, que nega a existência de uma crise humanitária, rejeita a ajuda, que considera o início de uma intervenção militar dos EUA, além de um “show político”. Ele culpa as sanções americanas pela escassez de alimentos e de medicamentos. 

O ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino, afirmou que as Forças Armadas têm “presença reforçada em toda a fronteira”. 

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