Descrição de chapéu Venezuela

Guaidó convoca passeatas até quartéis da Venezuela no sábado

No mesmo dia, Maduro fará um encontro entre chavistas para 'retificar a Revolução'

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Caracas e São Paulo | AFP

O líder opositor Juan Guaidó  convocou nesta sexta-feira (3) os venezuelanos para que saiam às ruas novamente neste sábado (4), às 10h (11h no Brasil) em uma “marcha pacífica rumo a bases militares para entregar um documento pedindo que passem a integrar a Operação Liberdade”.

Guaidó defendeu também o vice-presidente da Assembleia Nacional, Edgar Zambrano, contra quem a Justiça emitiu uma ordem de prisão.

O líder opositor Juan Guaidó discursa em Caracas, na quarta (1º) - Cristian Hernandez/AFP

“Fizeram uma falsa denúncia contra Zambrano, não podem culpá-lo pela crise elétrica quando falta comida e remédios para a população.”

O opositor também lamentou as mortes dos cinco venezuelanos que foram assassinados nos últimos dias. “Já são 271 mortos desde que Maduro está sentado na cadeira presidencial. Este é um genocídio silencioso.”

Guaidó falou em uma coletiva de imprensa cercada de muito mistério, uma vez que o opositor tem mudado seu itinerário e mantido sua localização em segredo para evitar uma possível detenção.

O encontro primeiro foi marcado para um local e horário, depois mudou duas vezes. Guaidó esteve apenas meia hora no local. Na quinta-feira (2), quando a reportagem da Folha o entrevistou, foi levada a um endereço desconhecido e se pediu que a localização não fosse publicada.

Guaidó disse que esta sexta-feira (3) será um dia de "assembleias em todo o país para difundir estas linhas e convocar as próximas manifestações". O domingo (5) será dedicado a orações "pelos mártires e pela liberdade".

Maduro convoca debate chavista

Também para sábado (4) e domingo (5), Maduro convocou "uma grande jornada de diálogo, ação e propostas. O Congresso Bolivariano dos Povos, o PSUV [partido de Maduro] e todos os níveis de governo vão elaborar um plano de mudança e retificação da Revolução", publicou em uma rede social.

A convocação foi anunciada dias após Guaidó ter liderado  ao lado do opositor Leopoldo López, a rebelião de um grupo de militares na base aérea de La Carlota, em Caracas, na terça-feira. O ato foi apontado por Maduro como uma tentativa de "golpe de Estado".

Na terça, militares dissidentes se posicionaram diante de uma base aérea de Caracas, ao lado de López e Guaidó, que pediu o apoio das Forças Armadas à rebelião. 

No entanto, poucos agentes atenderam ao apelo, e Guaidó deixou o local. López, libertado por soldados de sua prisão domiciliar, buscou refúgio na residência do embaixador da Espanha.

Na coletiva desta sexta, Guaidó voltou a referir-se ao movimento de terça. “Me perguntam se foi um êxito ou um fracasso. Mas fracasso é a crise humanitária, o que nós fizemos foi uma conquista da cidadania. Por isso é preciso voltar às ruas e continuar os protestos.”

Na noite de quinta-feira (2), o líder opositor voltou a falar em greves escalonadas, mas ainda de forma genérica. "Convoco a todos os setores do país a realizar pronunciamentos exigindo o fim da usurpação (...) e organizar e realizar um dia de paralisação ou protesto setorial durante a próxima semana", publicou no Twitter. 

Guaidó, que perdeu a imunidade parlamentar por decisão da governista Assembleia Constituinte, afastou-se de uma grande mobilização que havia convocado para o dia 1º de maio e, na quinta-feira (2), não apareceu em público.

Na manhã de quinta, como resposta às ações de Guaidó, Maduro apareceu na televisão com o alto comando das Forças Armadas e 4.500 militares para anunciar uma ofensiva contra os "golpistas".

"Estamos em um combate, máxima moral (...) para desarmar qualquer traidor, qualquer golpista", afirmou no Forte Tiuna, principal complexo militar do país.

O ditador Nicolás Maduro marcha com militares na manhã de quinta (2) - Palácio de Miraflores/AFP

O ditador pediu aos militares que não hesitem no momento de desarmar o que considera conspirações opositoras e dos Estados Unidos.

As manifestações de apoio do comando militar a Maduro incluíram insultos ao líder opositor. "Não nos deixamos mandar por ninguém que não seja nossa linha de comando fundamental e muito menos por um idiota que se faz passar por presidente", afirmou o comandante estratégico operacional, almirante Remigio Ceballos, que chamou Guaidó de "vagabundo".

Maduro, acusado pela oposição de ter conseguido a reeleição de maneira fraudulenta, se aferra ao poder e tem o apoio da China e da Rússia. Durante seu governo, iniciado em 2013, o país com as maiores reservas de petróleo do mundo entrou na pior crise socioeconômica de sua história moderna.

Washington advertiu que uma eventual detenção de Guaidó seria o "último erro da ditadura" e repetiu que "uma ação militar é possível" na Venezuela.

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