Descrição de chapéu Venezuela Governo Bolsonaro

Bolsonaro apela a argentinos para que não votem em Cristina Kirchner

Presidente diz que a ex-mandatária pode transformar país em uma Venezuela

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro envolveu-se nesta quinta-feira (2) na sucessão eleitoral da Argentina e apelou aos eleitores do país vizinho para que não reconduzam a ex-mandatária de esquerda Cristina Kirchner (2001-2015).

Em live nas redes sociais, ele começou dizendo que ninguém "vai se envolver em questões de fora do país", mas afirmou esperar que os eleitores argentinos se conscientizem que o retorno de Cristina, hoje senadora, pode fazer com que a Argentina viva uma situação semelhante à da Venezuela.

O presidente Mauricio Macri tem um posicionamento alinhado ao de Bolsonaro, mas seu governo tem enfrentado uma crise econômica e seu desempenho em sondagem recente foi inferior ao da senadora em um eventual segundo turno.

Pedestre passa por muro com pichação 'sem Cristina, não há saída' em Buenos Aires
Pedestre passa por muro com pichação 'sem Cristina, não há saída' em Buenos Aires - Agustin Marcarian - 8.fev.2019/Reuters

A eleição presidencial está marcada para 27 de outubro.

"Ninguém aqui vai se envolver em questões de fora do país, mas eu, como cidadão, tenho uma preocupação de que volte o governo anterior do Mauricio Macri. A presidente anterior era ligada a Dilma [Rousseff], a [Luiz Inácio] Lula [da Silva], à Venezuela e a Cuba. Se isso voltar, com toda a certeza, a Argentina vai entrar em uma situação semelhante à da Venezuela", disse.

Bolsonaro afirmou ainda que se o governo atual não tem tido um desempenho satisfatório, é necessário ter paciência, uma vez que, na opinião dele, Macri ainda pode melhorá-lo.

Em sua fala, o presidente pediu até mesmo a Deus para que Cristina não volte ao comando da Casa Rosada.

"Eu espero que nossos irmãos argentinos se conscientizem. Se o Macri não está indo bem, paciência. Vai lutar para melhorar ou [elege] alguém da linha dele. O que não pode é voltar Cristina Kirchner que, no meu entender, os reflexos serão para o povo argentino e para todos nós", disse.

A ex-presidente deve se sentar pela primeira vez no banco dos réus no dia 21 de maio, em julgamento que envolve a acusação de desvio e lavagem de dinheiro público por meio dos hotéis que pertencem à família Kirchner na Patagônia.

Mesmo investigada, ela pretende concorrer ao cargo.

O anúncio oficial deve acontecer no próximo dia 20, no estádio do time de futebol Racing —um dos mais tradicionais de Buenos Aires. Cristina pode responder ao processo, mas, se a Justiça determinar sua prisão, precisa pedir ao Congresso que retire seu foro privilegiado.

A situação econômica do país tem piorado, com aumento da inflação —que chegou a seu recorde desde 1991, com 4,7%, em março— e da pobreza, que já atinge 32% da população. Esse quadro vem debilitando as chances de reeleição de Macri. ​

Na transmissão desta quinta-feira (2), o ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno, comentou sobre o cenário conturbado na Venezuela. Segundo ele, "não é fácil" depor o ditador Nicolás Maduro, que foi "eleito sem legitimidade".

Para o ministro, a cúpula das Forças Armadas não apoia o líder oposicionista Juan Guaidó porque foi aliciada e comprada com cargos no governo atual, que lhe dá salário alto e influência econômica. Ele disse, contudo, esperar que eles mudem de posição.

"As pressões internacionais podem, pouco a pouco, mostrar ao pessoal da população civil que ainda não compreendeu a gravidade do problema, e principalmente mostrar aos militares de alta patente que eles precisam ter o patriotismo e se voltarem para trazer a Venezuela de novo para o caminho da liberdade e da democracia", concluiu.

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