Mundo ganhará 2 bilhões de pessoas nos próximos 30 anos, prevê ONU

População chegará a 9,7 bi em 2050 e só deve parar de crescer no século 22, diz novo relatório

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São Paulo

O mundo deve ganhar 2 bilhões de pessoas nos próximos 30 anos, atingindo sua população máxima no fim do século e começando a se estabilizar apenas no século 22. É o que prevê um relatório da ONU lançado nesta segunda-feira (17), com projeções demográficas para o planeta até 2100.

De acordo com o documento, a população mundial, que é de 7,7 bilhões na atualidade, continua crescendo, ainda que no ritmo mais lento desde 1950: a taxa, que atualmente é de 1,1% ao ano, deve chegar a 0,4% perto do fim do século. A previsão é que a população mundial chegue a 9,7 bilhões em 2050 e a quase 11 bilhões em 2100.

O relatório, chamado World Population Prospects (prospecções da população mundial), é lançado a cada dois anos pela Divisão de População da ONU e traz análises para 235 países e áreas, baseadas em informações de censos nacionais, pesquisas por amostragem e tendências históricas.

(Leia as previsões para a população do Brasil, que caiu no ranking dos mais populosos)

São projeções, ou seja, tendências demográficas que estão sujeitas a mudanças, pois dependem de avanços tecnológicos e médicos, condições políticas e costumes, que podem se alterar de forma imprevisível.

Multidão em Hong Kong; ásia é o continente mais populoso do mundo em 2019
Multidão em Hong Kong; ásia é o continente mais populoso do mundo em 2019 - Yiu Cheung/Adobe Stock

Para prever a população no fim do século, a ONU trabalha com três cenários: no de projeção alta, o mundo teria 15,6 bilhões de habitantes em 2100; no mais conservador, ficaria em 7,32 bilhões e, no médio —o mais provável de ocorrer—, chegaria a 10,8 bilhões.

Na projeção anterior, em 2017, previa-se uma população de 11,18 bilhões em 2100 (ou seja, cerca de 300 milhões a mais do que se acredita agora). 

"Essa diferença se deve principalmente a revisões em taxas de fecundidade recentes e esperadas no futuro em vários países maiores, como Bangladesh, República  Democrática do Congo, Índia e Estados Unidos", disse à Folha Patrick Gerland, chefe da seção de estimativas e projeções de população da ONU. "Mudanças nesses países têm sido um pouco mais rápidas do que se acreditava."

De acordo com o novo relatório, metade dos novos habitantes do mundo até 2050 virão de apenas nove países, a maioria pobres ou em desenvolvimento: Índia, Nigéria, Paquistão, República Democrática do Congo, Etiópia, Tanzânia, Indonésia, Egito e EUA.

Entre as grandes regiões, a África Subsaariana deve dobrar sua população nos próximos 30 anos, enquanto, na outra ponta, a Europa e a América do Norte terão aumento de apenas 2% de sua população. O crescimento previsto nesse mesmo período para a América Latina e o Caribe é de 18%.

Por volta de 2027, a Índia deve ultrapassar a China como o país mais populoso do mundo —alguns anos depois do que se imaginava anteriormente.

“A taxa de fecundidade na Índia caiu um pouco mais rapidamente do que se imaginava, e a fecundidade na China cresceu mais do que o esperado devido ao fim da política do filho único e a alguns incentivos para a população ter mais filhos”, afirma o pesquisador e doutor em demografia brasileiro José Eustáquio Alves, que analisou os dados.

“Esse ranking vai mudar muito. Estão saindo os países mais desenvolvidos e começam a entrar os mais pobres, como a República Democrática do Congo, que vai crescer absurdamente, a Etiópia, a Tanzânia”, observa o pesquisador.

Ele chama a atenção também ao caso de Angola, que deve ter sua população multiplicada por 11 ao longo deste século —de 16,4 milhões para 188 milhões—, chegando ao 11º lugar no ranking, na frente do Brasil.

Mais idosos que crianças

Em 2018, pela primeira vez o número de pessoas com mais de 65 anos ultrapassou o de crianças com menos de 5.

Se atualmente 1 em cada 11 pessoas no mundo tem mais de 65 anos, em 2050 deve chegar a 1 em cada 6 —no caso da Europa e da América do Norte, deve ser de 1 para cada 4.

A expectativa de vida média da humanidade, que era de 64,2 anos em 1990, subiu para 72,6 neste ano e acredita-se que chegará a 77,1 anos em 2050. 

Porém, nos países menos desenvolvidos as pessoas vivem cerca de sete anos menos do que a média global, devido à alta mortalidade materna e infantil, violência e infecção por HIV, entre outros fatores.

A queda no número de pessoas em idade ativa e o aumento na proporção da população em idade dependente deve gerar desafios "para o mercado de trabalho e a performance econômica" de diversos países, assim como dificuldades para "construir e manter sistemas públicos de saúde, pensões e proteção social para pessoas mais velhas", alerta o relatório.

Outro fator que contribui para o envelhecimento da população mundial é que as mulheres estão tendo menos filhos. O estudo comprova essa tendência, mostrando que taxa de fecundidade, que era de 3,2 filhos por mulher em 1990, baixou para 2,5 em 2019 e deve chegar a 2,2 em 2050.

A taxa necessária para repor naturalmente a população (desconsiderando fatores como a imigração) é de ao menos 2,1. Atualmente, quase metade das pessoas vive em países com índice abaixo disso.

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