Chefe de agência de fronteiras dos EUA se demite após polêmica sobre crianças

Comissário deixa cargo em momento de crítica a tratamento dado a imigrantes menores de idade

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Washington | Reuters

O comissário interino da agência de Alfândega e Proteção de Fronteiras americana (CBP), John Sanders, pediu demissão e vai deixar o cargo no dia 5 de julho, anunciou o órgão nesta terça-feira (25), em um momento em que a agência enfrenta críticas públicas pelo tratamento dado a crianças imigrantes. 

Sanders ocupa o posto desde abril, quando substituiu Kevin McAleenan, designado por Trump como secretário do Departamento de Segurança Interna. Especialista em desenvolvimento de tecnologias para ações de segurança nacional, ele já tinha sido chefe de operações da CBP.

O jornal New York Times noticiou primeiro a demissão, e logo depois Sanders enviou e-mail a colegas com o anúncio.

Segundo o Washington Post, Trump planeja nomear Mark Morgan, diretor interino de Imigração e Controle de Fronteiras e considerado linha-dura em questões de imigração, para substituir Sanders. 

Em entrevista a CBS News, Morgan negou que exista um "problema sistêmico" nos centros de detenção. "Não estou de acordo que sejam condições graves, como um problema sistêmico", disse. "Há problemas que podemos melhorar? Absolutamente." 

O comissário interino do CBP, John Sanders, à esq., em evento em Washington
O comissário interino do CBP, John Sanders, à esq., em evento em Washington - Jonathan Ernst - 15.mai.19/Reuters

A notícia veio pouco depois de autoridades da agência divulgarem a realocação de centenas de crianças que estavam detidas em um imundo posto da Patrulha de Fronteiras no Texas, onde passaram semanas sem acesso a sabonete, roupas limpas ou alimentação adequada.

Algumas das crianças foram transferidas para um sistema de abrigos mantido pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos, enquanto outras foram enviadas a uma instalação temporária de tendas em El Paso.

A fonte que falou sobre a demissão ao jornal afirma que não ficou claro se a saída de Sanders está conectada à repercussão do tratamento recebido por crianças no abrigo do Texas. 

A medida ocorre dias depois de um grupo de advogados ter acesso ao posto em Clint e afirmar que havia crianças de oito anos cuidando de bebês, além de nenês sem fraldas e crianças que disseram acordar à noite porque sentiam fome. Depois que chegaram, em 17 de junho, e viram as condições, os advogados começaram a fazer pressão para que as crianças fossem libertadas.

A Patrulha de Fronteiras estava enviando as crianças para Clint porque a agência enfrentava um grande fluxo de pessoas cruzando a fronteira e não tinha espaço suficiente para abrigá-las durante o período de processamento normal na fronteira, de 72 horas. 

As crianças foram separadas de membros adultos da família com quem tinham cruzado a fronteira ou eram filhas de mães adolescentes que também estavam detidas ali. Alguns menores estavam no local havia quase um mês. 

Os advogados que visitaram a instalação, entrevistados primeiramente pela agência de notícias Associated Press e depois pelo jornal The New York Times, disseram que as crianças não tinham acesso a banheiros privativos, sabonetes, escovas ou pastas de dentes. Muitas vestiam as mesmas roupas sujas com que tinham cruzado a fronteira semanas antes.

A superlotação generalizada nas instalações da Patrulha de Fronteiras foi documentada recentemente em relatórios do inspetor-geral do órgão, mas jornalistas e advogados tiveram pouco acesso às instalações cercadas.

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