Manifestantes bloqueiam acesso ao aeroporto de Hong Kong

Protestos pedem mais democracia, mas violência policial aumentou

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Hong Kong | AFP e Reuters

Após um sábado (31) de protestos marcados pela violência policial, milhares de manifestantes voltaram às ruas de Hong Kong neste domingo (1º). 

Eles bloquearam as vias de acesso ao aeroporto da cidade, utilizando barricadas, para chamar a atenção à reivindicação por mais democracia

 

"Se interferirmos no aeroporto, mais estrangeiros lerão as notícias de Hong Kong", afirmou um jovem manifestante de 20 anos, que pediu para não ter o nome publicado.

O aeroporto de Chek Lap Kok é um dos mais movimentados e eficientes do mundo, acessível via pontes e trens. 

Um adolescente está no chão, aos  pés dos policiais. Ele tem o semblante assustado e sua boca está aberta, como se gritasse
Manifestante é detido pela polícia em Hong Kong - Lillian Suwanrumpha/AFP

O acesso via trem foi suspenso e ao menos 16 voos foram cancelados neste domingo (1º).

Pela manhã, os operadores do trem Airport Express, que liga o centro de Hong Kong ao aeroporto, interromperam os serviços, enquanto os manifestantes —que esconderam os rostos das câmeras de segurança com o uso de guarda-chuvas— construíram barricadas na estação do aeroporto e tentaram interromper o trânsito na principal estrada de acesso aos terminais.

Impedidos de atravessar as pontes e de utilizar o transporte público, passageiros tiveram que caminhar até o aeroporto, que fica em uma pequena ilha. 

Não é a primeira vez que os manifestantes pró-democracia escolhem o aeroporto internacional como palco para protestos.

Há três semanas, um dos terminais foi bloqueado e houve repressão policial. Desde então, ativistas pró-democracia foram proibidos de entrar no aeroporto. 

Embora as autoridades tenham proibido expressamente os atos nesse fim de semana, já é rotineiro que manifestantes ignorem as restrições impostas pelo governo. 

De acordo com a polícia, 63 pessoas foram presas neste fim de semana, com idades entre 13 e 63 anos. 

Violência no metrô 

Os protestos desse domingo ocorrem após um dos dias mais intensos desde o início das movimentações pró-democracia, em junho. 

Autoridades da área de saúde informaram que 31 pessoas foram internadas em hospitais após os confrontos de sábado (31), incluindo cinco em estado grave.

Um vídeo, publicado pelo fotógrafo Pakkin Leung na noite de sábado (31), mostra a polícia agredindo ativistas e ameaçando disparar balas de borracha dentro de um vagão de trem. 

As imagens mostram um homem que tentava proteger uma amiga sendo atingido por gás de pimenta. Ele chora, de joelhos. Em seguida, os agentes abandonam o local sem efetuar detenções.

No território, a irritação com as táticas da polícia é cada vez maior. 

"A polícia é como um grupo criminoso com licença, licença para atacar e agredir", afirmou o advogado Kwok Ka-ki à agência de notícias AFP. "O governo não é diferente de um regime autocrático".

A Anistia Internacional pede que a repressão policial seja investigada. Em nota, a entidade afirmou que mesmo que manifestantes sejam violentos com a polícia, isso não é uma desculpa para que revidem aleatoriamente. 

Já são 13 semanas seguidas de protestos na cidade, que se iniciaram devido a um projeto de lei —agora suspenso— que permitiria que honcongueses fossem extraditados para o território chinês e julgados pelo sistema judiciário controlado pelo Partido Comunista. 

Mas a mobilização ampliou suas reivindicações, denunciando a crescente influência da China sobre Hong Kong e a perda das liberdades.

Esta é a mais grave crise política desde a devolução de Hong Kong à China, em 1997. Uma situação inédita à qual as autoridades da região semi-autônoma não conseguem apresentar respostas.

"É agora ou nunca", afirmou um manifestante que revelou apenas o primeiro nome, Wong. "Tenho dois filhos que não vieram, mas a avó deles está aqui. Defendemos a manutenção do direito de manifestar para a próxima geração", completou.

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