Trump havia planejado uma reunião secreta no domingo (8), em Camp David, residência oficial a cerca de 100 km da Casa Branca.
Ele também pretendia se encontrar com o atual presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani. Trump, porém, não informou com quais líderes ele falaria.
“Se eles não podem realizar um cessar-fogo durante essas conversas de paz tão importantes, então eles provavelmente não têm o poder para negociar um acordo significativo”, publicou Trump em uma rede social.
O Taleban lançou ataques contra cidades do norte do Afeganistão e realizou dois atentados suicidas de grande porte na capital Cabul nas últimas semanas.
Uma dessas explosões matou um sargento do Exército dos EUA, Elis Ortiz, 34, de Porto Rico. Foi o 16º militar americano a morrer no Afeganistão neste ano.
As conversas de paz entre o Taleban, o governo afegão e os Estados Unidos haviam avançado nos últimos meses. Está em debate a retirada de tropas americanas em troca de garantias de que o Afeganistão não seja usado como base para militantes que buscam atacar os EUA e seus aliados.
Cinco dos representantes do Taleban que participam das conversas ficaram detidos em Guantánamo por 13 anos e foram libertados em uma troca de prisioneiros em 2014.
Trump defende a retirada de tropas do Afeganistão desde antes de ser eleito presidente. Ele reclama que os soldados fazem pouco mais do que um trabalho de polícia, que a guerra demanda muito dinheiro e prometeu que terminaria com esse conflito, que já dura quase 18 anos e começou após os ataques de 11 de setembro de 2001.
O Taleban, que na época governava o país, foi acusado de dar abrigo aos terroristas que realizaram o atentado.
O grupo defende uma interpretação radical dos ensinamentos islâmicos. Durante o período em que esteve no poder, as mulheres não podiam estudar ou trabalhar e eram obrigadas a sair nas ruas com o rosto e o corpo completamente cobertos.
Após a invasão, o Taleban foi derrubado do governo em algumas semanas. Seus sobreviventes se esconderam ou foram para países vizinhos, como o Paquistão.
Nos anos seguintes, os Estados Unidos construíram bases militares no Afeganistão e ajudaram o país a montar um governo democrático.
Houve eleições a partir de 2004, mas queixas de fraude, corrupção e brigas afetaram a credibilidade do governo.
Enquanto isso, o Taleban foi ressurgindo e fazendo ataques, ao lado de outros grupos insurgentes. Eles consideram o atual governo afegão como um mero marionete dos EUA.
Atualmente, ao menos 13 mil militares americanos seguem no país.
Para os afegãos, a escalada de ataques do Taleban amplia o medo de que seja impossível alcançar a paz se todas as tropas dos EUA deixarem o país.
Muitos temem que sem a presença militar estrangeira, etnias e regiões rivais entrem em conflito e que isso gere uma guerra civil como a que ocorreu nos anos 1990.
Há eleições no Afeganistão marcadas para 28 de setembro. Caso não haja acordo de paz, há grandes chances de a votação ser adiada.
É a segunda vez que Trump busca conversar pessoalmente com líderes que confrontam os EUA.
Ele se encontrou com o ditador Kim Jong-un, da Coreia do Norte, por três vezes, mas os dois países não chegaram a um acordo, e as hostilidades prosseguem.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.