O governo do México anunciou nesta quinta-feira (26) que vai recorrer à Corte Internacional de Justiça (CIJ) devido ao que considera uma vigilância policial intimidatória contra sua embaixada na Bolívia, onde estão asiladas várias pessoas próximas ao ex-presidente Evo Morales.
Desde o início da semana, o país afirma que sofre “intimidação e amedrontamento” por uma "excessiva" presença de serviços de inteligência e de segurança bolivianos no local. Segundo o México, essa vigilância ocorre desde 11 de novembro, data da renúncia de Evo, quando autoridades de seu governo se refugiaram na sede diplomática do país em La Paz.
O governo boliviano, por sua vez, respondeu que existem ameaças "críveis" de ataques contra a embaixada por parte de movimentos sociais e indígenas. A chanceler boliviana, Karen Longaric, afirma que foi a própria embaixadora mexicana que pediu o reforço da segurança no mês passado, por se sentirem assediados por protestos de movimentos sociais.
Nesta quinta, o chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, deu uma entrevista coletiva falando sobre o caso. “O que pedimos? Que se respeite e preserve a integridade das instalações e quem está dentro das instalações, que são parte do território mexicano”, disse.
“Estamos estabelecendo conexão com toda a comunidade porque nem nos piores momentos dos golpes militares dos 70 e 80 (na América Latina) se colocou em risco a integridade das instalações", acrescentou.
Ebrard afirmou ainda que o governo mexicano espera que a CIJ abra o processo da denúncia em curto prazo. "Esperamos que possa ser assim, dada a emergência que estamos enfrentando, e que a comunidade internacional se pronuncie a partir de hoje.”
Após sair do poder, Evo se asilou no México, onde ficou até 6 de dezembro —hoje ele está na Argentina. Nesse momento, e em meio aos fortes distúrbios no país que deixaram 36 mortos, autoridades próximas a ele se abrigaram na embaixada mexicana em La Paz.
Há ordens de prisão contra alguns deles, mas a embaixada se nega a entregá-los. Da mesma forma, o governo da Bolívia lhes nega um salvo-conduto para sair do país.
Na manhã desta quinta, o subsecretário para a América Latina da chancelaria mexicana, Maximiliano Reyes, escreveu em sua conta no Twitter que mais de 50 pessoas, entre civis, policiais e militares, chegaram à embaixada.
Reyes sugeriu um encontro para abordar o problema com Karen Longaric em um terceiro país. "Proponho que inclusive nos encontremos em um país intermediário geograficamente, dada a quantidade de trabalho que ambos temos, com o propósito fundamental de encontrar uma rota mediante o diálogo e a diplomacia."
Longaric, porém, disse que duvida que o México oficialize sua demanda ante a corte por “simples presunções”. “Seria uma demanda rejeitada imediatamente", afirmou.
"Acho que vão se retratar dessa decisão, deveriam se retratar. A Bolívia não violou a convenção de Viena sobre relações diplomáticas”, afirmou.
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