Polônia aprova lei que pune juízes que se opõem a reformas no Judiciário

Salários poderão ser cortados e magistrados, demitidos

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Varsóvia | AFP e Reuters

O Parlamento polonês votou uma lei que permite punir os juízes que se opõem às reformas do governo no Judiciário. O texto foi preparado com urgência pelo partido governista, o conservador Lei e Justiça (PiS). 

A legislação permitirá a punição de juízes que questionem o status legal de seus pares ou a validade de outros tribunais. Como penalidade, os salários serão cortados e os magistrados podem ser demitidos.

​O projeto de lei foi aprovado pela Câmara nesta sexta (20) por 233 votos a favor e 205 contra, com dez abstenções, poucas horas depois de a Comissão Europeia pedir à Polônia para suspender a introdução deste texto na Casa.

A proposta aprovada foi suavizada em relação à sua versão original: o governo retirou do texto regras que exigiriam que os juízes revelassem possíveis pseudônimos que usem em contas em redes sociais.

Protestos em frente ao Parlamento polonês contra uma lei aprovada que pune juízes que questionarem as reformas do governo no Judiciário - Wojtek Radwanski / AFP

O projeto de lei gerou duras críticas no Judiciário, que teme por sua independência, assim como manifestações nas ruas. Especialistas jurídicos do Parlamento também expressaram reservas.

Segundo a Comissão Europeia, a adoção dessa lei pode comprometer o Estado de Direito. O órgão sustenta que o partido governista politiza o Judiciário desde que chegou ao poder, em 2015.

Ainda assim, o PiS, que possui maioria na câmara baixa do Parlamento, aprovou o projeto e o porta-voz do governo disse que a comissão provavelmente emitiu sua opinião "sem ter informações confiáveis" sobre as mudanças. O partido argumenta que as reformas são necessárias para tornar os tribunais da Polônia mais eficientes.

A legislação será agora discutida no Senado, controlado pela oposição, que pode atrasar a legislação, mas não deve derrubá-la, segundo especialistas.

Em uma carta às autoridades polonesas, a vice-presidente da Comissão Europeia encarregada do Estado de Direito, Vera Jourova, pede a eles que "consultem" especialistas internacionais e "não continuem os procedimentos sobre o projeto".

Em Genebra, o porta-voz do Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, Rupert Colville, expôs sua "preocupação" com o projeto de lei. Segundo ele, o texto pode "violar a independência da Justiça" na Polônia.

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