Descrição de chapéu Coronavírus

Protestos em carros se multiplicam nos EUA e em outros países com pautas variadas

Atos permitem fazer muito barulho com um número pequeno de veículos

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São Paulo

Com as regras de isolamento social para conter o coronavírus, protestar sem sair do carro virou uma prática em várias cidades dos EUA, mas também na Polônia, na Austrália e no Brasil.

Nesse modelo de manifestação, um grupo de carros anda junto pelas ruas, em baixa velocidade, tocando buzinas e cornetas e usando alto-falantes. Os veículos levam bandeiras, faixas e cavaletes com as mensagens que os ativistas defendem.

Trabalhadores de saúde bloqueiam rua em Denver, nos EUA - Alyson McClaran - 19.abr.2020/Reuters

Além de proteger os manifestantes da infecção pelo vírus, a tática faz com que grupos de poucas pessoas ocupem grandes áreas nas ruas. Uma fila de 40 carros gera um impacto visual bem mais forte, por demandar mais espaço, do que o de 40 pessoas marchando a pé, por exemplo.

Nos EUA, houve nos últimos dias carreatas de protesto pelo fim da quarentena em estados como Califórnia, Maryland, Michigan e Minnesota.

Em uma cena que se espalhou pelas redes sociais no fim de semana, profissionais de saúde ficaram parados em uma rua de Denver, no Colorado, para bloquear a passagem de uma carreata a favor da reabertura do comércio.

Uma mulher, de dentro de uma picape, coloca o corpo para fora da janela e começa a gritar frases como "Terra dos livres! Vá para a China se você quer comunismo. Você pode ir trabalhar e eu não?" em direção a um funcionário com uniforme de hospital.

Os protestos não são apenas pela reabertura do comércio. No Arizona, cerca de 200 carros foram até um centro de detenção no dia 10, em um ato contra a liberação de imigrantes em situação irregular, debatida como forma de tentar conter a propagação do coronavírus nas prisões.

Já em Minessota, ativistas dirigiram até a casa do governador para pedir o contrário: que ele liberasse imigrantes presos, de modo a protegê-los da Covid-19.

Em Melbourne, na Austrália, manifestantes também protestaram pela libertação de imigrantes irregulares, que estavam confinados em um hotel. Ao menos 26 participantes foram multados pela polícia, por desrespeitar as regras de distanciamento social, segundo o site ABC, na segunda passada (13).

Na Polônia, dezenas de mulheres protestaram na terça (14) contra um projeto de lei que pretende deixar as leis contra o aborto ainda mais duras. Elas foram ao centro de Varsóvia em carros e em bicicletas.

Em Budapeste, na Hungria, uma carreata foi feita nesta segunda (20) para questionar uma decisão do governo de esvaziar hospitais para liberar leitos para vítimas da Covid-19, limitando o tratamento de pessoas com outros problemas de saúde.

No Brasil, houve carreatas contra o isolamento social em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília no último fim de semana.

Outra questão é que, cada vez mais, os manifestantes estão mesclandos os protestos nos carros com atos fora deles, o que gera aglomerações, situação que facilita a contaminação pelo coronavírus.

Protestos a bordo de veículos não são novidade, mas eram mais comuns em estradas. Ao menos desde os anos 1960 há registros de tratores, caminhões e carros sendo usados por agricultores para fazer bloqueios. No Brasil, em 2018, a greve dos caminhoneiros também teve protestos motorizados e bloqueio de vias.

No entanto, travar o trânsito em meio à uma pandemia prejudica ainda mais o atendimento aos doentes. No sábado (18), por exemplo, manifestantes bloquearam o trânsito na avenida Rebouças, em São Paulo, ao lado do Hospital das Clínicas. Isso dificultou a passagem de ambulâncias, bem como a circulação de médicos e enfermeiros a caminho do trabalho.

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