Descrição de chapéu Coronavírus

Sintomas de coronavírus pioram, e Boris Johnson vai para UTI

Premiê britânico resistiu a adotar restrições drásticas para conter a pandemia

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Bruxelas

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, 55, foi internado numa unidade de tratamento intensivo no hospital Saint Thomas, em Londres, por volta das 19h (15h no horário do Brasil) desta segunda-feira (6).

O premiê tinha sido diagnosticado com Covid-19 (doença causada pelo coronavírus) no dia 26 de março, e se isolou em casa. Com febre e tosse persistente, foi internado na noite deste domingo para exames, por recomendação médica.

O estado de Boris piorou na tarde de segunda e ele foi transferido para a UTI “para o caso de precisar de ventilação”, segundo sua assessoria. De acordo com o comunicado, ele estava consciente.

O premiê britânico durante encontro do brexit em Paris - Gonzalo Fuentes - 22.ago.2019/Reuters

O secretário de Relações Exteriores (equivalente a ministro), Dominic Raab, que já coordenara reuniões nesta segunda, pode assumir o governo se o premiê se afastar —algo que ele vinha se recusando a fazer desde que teve a doença diagnosticada.

Na manhã desta segunda, Boris escreveu numa rede social: “Estou bem e em contato com minha equipe, trabalhando em conjunto para combater esse vírus e manter todos em segurança. Gostaria de agradecer a todos os brilhantes profissionais do NHS que estão cuidando de mim e dos outros nestes tempos tão difíceis. Vocês são o melhor da Grã-Bretanha”.

Pelas informações divulgadas até hoje, o premiê britânico não tem doenças que possam agravar seu quadro, como diabetes, câncer ou pressão alta, embora estivesse acima do peso. Com 1,75 metro, chegou a pesar 104 kg em 2018, quando era secretário de Relações Exteriores. No final do ano passado, estava com cerca de 85 kg.

Adepto de corridas e passeios de bicicleta, adotou o jogo de tênis após assumir o governo, em julho de 2019. Segundo jornais britânicos, Boris também se exercitava com vídeos de ioga, pilates e ginástica aeróbica.

Primeiro chefe de governo de um dos principais países do mundo a contrair o coronavírus, Boris resistiu a adotar restrições mais drásticas para conter a pandemia no Reino Unido.

Em meados de março, quando a Itália já havia decretado quarentena e aulas haviam sido suspensas em vários países europeus, o britânico criticou a medida e disse que ela era desnecessária e antiprodutiva.

Nos cálculos feitos então pelo governo, deixar sem aulas por um mês seus 7 milhões de alunos poderia reduzir 3% de seu Produto Interno Bruto, já que muitos trabalhadores teriam que ficar em casa para cuidar das crianças.


Repercussão

"Quero enviar meus melhores desejos para um ótimo amigo meu, um amigo da nossa nação, o premiê Boris Johson. Nós ficamos muito tristes em ouvir que ele foi levado para cuidado intenstivo esta tarde. Os americanos estão rezando pela sua recuperação." Donald Trump, presidente dos EUA

"Estou pensando em meu amigo Boris Johnson nesta noite e mandando meus sinceros votos, e da OMS, de que ele derrote o coronvírus. Sei que o NHS e seus dedicados profissionais estarão cuidado de você." Tedros Adhanom Ghebreyesys, diretor-geral da OMS​

"Todo meu apoio a Boris Johnson, sua família e o povo britânico neste momento difícil. Desejo que ele vença rapidamente essa provação." Emmanuel Macron, presidente da França

"Meus melhores votos de uma recuperação rápida e total ao primeiro-ministro Boris Johnson. Meus pensamentos estão com você e sua família neste momento. Espero vê-lo de volta ao nº 10 [sede do governo britânico] em breve." Justin Trudeau, premiê do Canadá

"Notícias terrivelmente tristes. Todos os pensamentos do país estão com o primeiro-ministro e sua família durante estes tempos incrivelmente difíceis." Keir Starmer, novo líder do Partido Trabalhista, de oposição

"Desejando a Boris Johnson tudo de bom e uma recuperação rápida. Meus pensamentos estão com você e sua família." Michel Barnier, negociador do brexit pela UE

"O México manifesta sua solidariedade com o Reino Unido e deseja a Boris Johnson pronto restabelecimento." Marcelo Ebrard, ministro de Relações Exteriores do México​

"Pensando em Boris Johnson e sua família nesta noite. Fique bem logo. Você está em boas mãos e todos queremos ver você são, bem e de volta ao nº 10 [sede do governo britânico]." David Cameron, ex-primeiro-ministro do Reino Unido (2010-2016)

"Meus pensamentos e preces estão com Boris Johnson e sua família enquanto ele continua sob tratamento no hospital. Este vírus horrível não discrimina. Qualquer um pode pegá-lo. Qualquer um pode disseminá-lo. Por favor, fique em casa; salve vidas." Theresa May, ex-primeira-ministra do Reino Unido (2016-2019)​

"Todos na Irlanda estão nesta noite desejando que Boris Johnson fique bem. Estes são tempos difíceis para o Reino Unido e o governo. Desejamos ao primeiro-ministro uma recuperação rápida." Simon Coveney, ministro das Relações Exteriores da Irlanda

"Em nome do governo holandês, desejo a Boris Johnson, sua família e ao povo britânico muita força durante este tempo difícil. Espero poder falar com ele recuperado, em breve." Mark Rutte, premiê da Holanda

"Meus pensamentos estão com o primeiro-ministro Boris Johnson e sua família nesta noite. Desejo a ele uma recuperação plena e rápida." Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia

"Minha solidariedade e desejos de pronta recuperação para o primeiro-ministro Boris Johnson. São dias difíceis para nossos países, mas com força e unidade lograremos vencer esta batalha. Um abraço a todo o povo britânico. Este vírus o paramos unidos." Pedro Sánchez, premiê da Espanha

"Nossos votos de recuperação estão com Boris Johnson lutando contra a Covid-19, como estão com as dezenas de milhares de homens e mulheres afetados por esse vírus perigoso. Fique em casa." Marine Le Pen, líder francesa de ultradireita


A estratégia inicial, defendida pelo principal conselheiro científico de Boris, Patrick Vallance, era tentar atingir a “imunidade de rebanho”.

A ideia era que, se o vírus circulasse entre a população e uma parcela grande dela adquirisse imunidade (entre 60% e 70%, segundo epidemiologistas), a transmissão seria bloqueada, porque a chance de encontrar alguém imune seria muito maior que a de cruzar com um doente e ser contaminado.

Após alertas de cientistas de algumas das melhores universidades britânicas de que sem controle do contágio o sistema de saúde entraria em colapso e as mortes poderiam chegar a 250 mil no país, ele passou a acelerar restrições.

Pediu a idosos e casos investigados que se isolassem, recomendou o trabalho remoto e, no dia 20 do mês passado, fechou bares, restaurantes, clubes, casas noturnas e academias e anunciou a suspensão das aulas.

A quarentena, com proibição de reuniões de mais de duas pessoas nas ruas e multa para quem saísse de casa sem justificativa, só veio em 23 de março.

A noiva de Boris, Carrie Symonds, 32, que está grávida, disse no sábado que havia passado a semana na cama com sintomas da Covid-19, mas que se sentia melhor após sete dias de descanso.

Nos últimos 20 dias, o premiê vinha repetindo várias vezes por dia o bordão de sua nova estratégia contra a pandemia: “Fique em casa. Proteja o NHS (sistema público de saúde). Salve vidas”. Ao ser internado, no domingo, pediu aos britânicos que mantenham o isolamento e agradeceu os cuidados do NHS.

Em entrevista à TV BBC após a notícia da internação de Boris na UTI, Raab afirmou que a atividade do governo continuará normalmente: “Há um espírito de equipe incrivelmente forte por trás do primeiro-ministro”.

Dentre as prioridades do combate à pandemia está a expansão dos testes para identificar infectados. Até esta segunda, haviam sido testadas 381 pessoas para cada 100 mil habitantes, uma das taxas mais baixas da Europa (a Noruega testou 2.073 e a Áustria, 1.300 por 100 mil habitantes).

O governo também vinha sendo criticado por ter permitido a deterioração do sistema público de saúde nos últimos anos, com menos investimento em equipamentos e mão de obra.

A internação de Boris vem num momento de revés para outro projeto, o de fazer 17,5 milhões de testes para detectar quem já tem anticorpos para o coronavírus —o que, em tese, permitiria voltar às atividades normais.

Nesta segunda, o governo afirmou que nenhum dos nove tipos comprados apresentou resultados satisfatórios para obter licença. Às 18h20 (horário do Brasil), havia 52.274 casos confirmados de coronavírus no Reino Unido, oitavo maior número no mundo.

Haviam morrido 5.373 pessoas, quinto maior número de mortes no mundo.

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