Chinesas podem ter dois maridos para darem à luz a mais filhos, sugere pesquisador

Texto com solução para disparidade de gêneros no país foi considerado machista e teve reação negativa

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Um professor de economia da Universidade de Xangai sugeriu uma solução para a baixa taxa de natalidade da China: permitir às mulheres que tenham dois ou mais maridos, para que possam dar à luz a vários bebês. A ideia gerou forte repercussão negativa.

As autoridades do país vêm há alguns anos tentando convencer os casais a terem mais filhos. Já lhes disseram que é dever patriótico ter dois bebês, ofereceram baratear os custos da educação e estender o período da licença maternidade, além de dificultar o aborto e o divórcio.

A ideia é diminuir a disparidade de gêneros no país —há 34 milhões de homens a mais do que mulheres, o que cria uma crise demográfica que pode dificultar o crescimento econômico nas próximas décadas.

Na China, onde moram 1,4 bilhão de pessoas, há uma preferência por meninos e uma prática de abortar meninas.

Crianças correm em frente a monumento em Wuhan, na China - Xiao Yijiu - 29.abr.2020/Xinhua

O limite de um filho por casal ficou em vigor por 35 anos na China e foi, provavelmente, a mais dura política pública de redução da natalidade no mundo.

A regra permitia mais de um filho a depender de determinados fatores: se a família mora no campo ou na cidade, se os pais têm irmãos, se trata-se de minorias étnicas e se o primeiro filho foi uma menina.

A medida deu certo e, hoje, há 100 milhões de filhos únicos do sexo masculino com menos de 40 anos.

"Eu não sugeriria poliandria se a proporção de gênero não fosse tão severamente desequilibrada", escreveu o professor Yew-Kwang Ng em sua coluna em um site de negócios chinês este mês.

“Só estou sugerindo que devemos considerar a opção diante de uma proporção desequilibrada de gênero."

Em 2015, o Partido Comunista começou a desfazer sua política de filho único, mas a medida teve pouco impacto. Mulheres nascidas a partir da década de 1980 tendem a adiar o casamento em função da carreira e ter apenas um filho —quando o têm—, em vez de dividir a atenção e os recursos financeiros com mais de uma criança.

Segundo o acadêmico, o grave desequilíbrio de gênero causou uma competição entre homens procurando esposas, deixando milhões de solteiros lutando para "satisfazer suas necessidades psicológicas e físicas".

"Se dois homens estão dispostos a se casar com a mesma esposa e a mulher também, por que razão a sociedade tem para impedi-los de compartilhar uma esposa?”, Ng questiona.

Ele citou a poligamia como parte de "uma longa história", citando como exemplo o Tibete, onde a prática se tornou ilegal após a anexação da China em 1950.

Para reforçar seu argumento, Ng diz que, de uma perspectiva biológica, as mulheres são mais capazes de satisfazer o desejo sexual de vários homens do que o contrário.

"É comum as prostitutas atenderem mais de dez clientes em um dia", escreveu.

Enquanto isso, quando se trata de outros aspectos da vida, Ng argumentou que é razoável que as mulheres façam tarefas para várias famílias por uma questão de eficiência.

"Fazer refeições para três maridos não vai demorar muito mais do que para dois maridos", completou.

A sugestão de poligamia gerou polêmica. Algumas pessoas se opuseram à ideia porque a poligamia desafiava suas visões tradicionais sobre o casamento.

Mas mais pessoas, principalmente mulheres, criticaram Ng por sua atitude misógina e machista em relação às mulheres, dizendo que ele via as via somente como ferramentas e objetos reprodutivos para satisfazer as necessidades sexuais dos homens.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.