Refugiados resgatados por navio financiado por Banksy desembarcarão em Palermo, diz ONG

Embarcação ficou superlotada e à deriva enquanto esperava aval para atracar

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Belo Horizonte

Cerca de 150 pessoas que foram resgatadas no Mediterrâneo pelo navio Louise Michel, financiado pelo artista de rua britânico Banksy, foram autorizadas nesta terça (1º) a desembarcar em Palermo, na Sicília, afirmou a ONG Sea-Watch International.

Refugiados a bordo do Sea-Watch 4 comemoram ao saber que têm permissão para desembarcar na quarta (2) em Palermo, na Sicília
Refugiados a bordo do Sea-Watch 4 comemoram ao saber que têm permissão para desembarcar na quarta (2) em Palermo, na Sicília - Thomas Lohnes - 1º.set.20/AFP

De acordo com uma série de publicações da conta da embarcação numa rede social, o navio partiu na quinta-feira (27) para resgatar 89 refugiados que tentavam atravessar o Mediterrâneo para chegar à Europa em um bote de borracha. Durante sua missão, o Louise Michel encontrou outro navio com cerca de 130 pessoas, que também foram resgatadas.

Nesse ponto, com mais de 200 pessoas a bordo, os dez tripulantes não conseguiam mais dirigir o navio devido à superlotação em seu convés e emitiram um pedido de socorro.

A embarcação estava perto de Lampedusa, uma ilha italiana na costa africana que se tornou uma porta de entrada para a Europa, e ficou mais horas à deriva enquanto esperava uma resposta das autoridades europeias.

"Louise Michel está impossibilitada de se mover [...] por causa de seu convés superlotado e uma balsa salva-vidas posicionada ao seu lado, mas acima de tudo devido ao fato de a Europa ignorar nossos pedidos de emergência de ajuda imediata. As autoridades responsáveis continuam sem nos responder", diz uma publicação da madrugada de sábado (29).

Mais tarde naquele dia, a Guarda Costeira da Itália enviou um barco ao local e retirou 49 passageiros que considerou os mais vulneráveis, bem como o corpo de um migrante que morreu antes de ser transferido para o Louise Michel —mas se recusou a prestar socorro aos demais.

Os cerca de 150 refugiados restantes foram transferidos para o Sea-Watch 4, um navio humanitário que já levava cerca de 200 resgatados a bordo e estava em busca de um porto.

Banksy postou um vídeo da missão de resgate no Instagram no sábado que mostrava imagens de refugiados em perigo, sobrepostas com as palavras: “Como a maioria das pessoas que fazem sucesso no mundo da arte, comprei um iate para fazer um cruzeiro pelo Mediterrâneo”.

"É um navio da marinha francesa que convertemos em um barco salva-vidas porque as autoridades da UE ignoram deliberadamente os pedidos de socorro de 'não europeus’”, escreveu ele.

A autorização desta terça inclui todos os que estão a bordo do Sea-Watch 4. Por causa da pandemia da Covid-19, eles ficarão em quarentena em uma balsa disponibilizada pelo Ministério do Interior da Itália.

O Louise Michel foi nomeado em homenagem a uma anarquista feminista francesa e tem uma ilustração de uma garota segurando uma boia salva-vidas em forma de coração, em estêncil, ao estilo das obras de Banksy.

Grafite com desenho menina segurando coração
Grafite do artista Bansky em navio que abrigou refugiados, em 17 de agosto de 2020 - Reuters

O artista nascido em Bristol, no Reino Unido, que mantém sua identidade em segredo, é conhecido por seus grafites de temas políticos e sociais e tem obras em cidades ao redor do mundo. No ano passado, uma de suas pinturas representando primatas sentados no Parlamento britânico foi vendida por mais de US$ 12 milhões (R$ 65 milhões).

Com The New York Times.

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