Descrição de chapéu terrorismo

Jovem que decapitou professor francês enviou mensagens a pai de aluna antes de ataque

Homem já havia sido preso por ter organizado campanha de intimidação nas redes sociais

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Paris | Reuters

O jovem refugiado de origem tchechena apontado como responsável pela decapitação de um professor francês na sexta-feira (16) enviou mensagens para o pai de uma das alunas do docente antes do crime, disse uma fonte policial à agência de notícias Reuters nesta terça (20).

O homem citado já havia sido preso pela polícia francesa, acusado de organizar uma campanha de intimidação nas redes sociais contra Samuel Paty, professor de história e geografia assassinado após exibir charges do profeta Maomé em sala de aula. O crime ocorreu num subúrbio próximo a Paris.

Segundo a fonte policial, não está claro se ele respondeu às mensagens enviadas por SMS. Mas, de acordo com promotores, o homem divulgou a identidade do docente e o nome da instituição antes do assassinato, em vídeos postados no Facebook no qual condenava a exibição das imagens.

Richard Ferrand, presidente da Assembleia Nacional francesa, e membros do Parlamento participam de tributo ao professor Samuel Paty, em Paris
Richard Ferrand, presidente da Assembleia Nacional francesa, e membros do Parlamento participam de tributo ao professor Samuel Paty, em Paris - Gonzalo Fuentes/Reuters

O pai da aluna também visitou a escola para prestar queixas sobre o episódio à diretoria da instituição.

Abdullakh Anzarov, 18, apontado como autor do crime, foi morto a tiros pela polícia horas depois do ataque. Nascido em Moscou e de origem tchetchena, ele vivia como refugiado na França. O crime foi classificado como ato de terrorismo islâmico, e o país já abriu 80 processos de investigação.

Promotores também disseram que Anzarov abordou estudantes em frente ao Colégio du Bois d’Aulne, no qual Paty trabalhava, dias antes do crime, e solicitou aos alunos que identificassem o professor.

Não se sabe se os estudantes sabiam dos planos de Anzarov, mas, segundo a imprensa francesa, a polícia tenta esclarecer se eles aceitaram dinheiro do criminoso. Ao menos 15 pessoas já foram presas por suspeitas de ligação com o assassinato, incluindo quatro estudantes.

Na segunda (19), uma mesquita em Pantin, no noroeste de Paris, foi fechada temporariamente por ter divulgado um vídeo nas redes sociais, antes do assassinato, criticando o professor. O reitor da mesquita, M’hammed Henniche, disse ter se arrependido do compartilhamento do vídeo depois que soube do crime.

Dezenas de milhares de pessoas foram às ruas do país no domingo (18) para defender a liberdade de expressão. Os manifestantes cantaram o hino nacional e exibiram cartazes como “eu sou Charlie” –em referência à revista satírica Charlie Hebdo, cujos escritórios foram atacados por extremistas islâmicos há cinco anos. O Parlamento Europeu também prestou um minuto de silêncio em homenagem ao professor.

Autoridades francesas se referiram ao crime como um ataque à República e aos valores franceses. O professor será homenageado com o prêmio póstumo de "Legião de Honra", a maior honraria do país.

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