As Forças Armadas da Etiópia tomaram o controle da cidade de Wikro, 50 km ao norte de Mekelle, capital da província do Tigré. O anúncio foi feito nesta sexta (27), um dia após o governo etíope dizer que a ofensiva contra a Frente de Libertação do Povo Tigré (TPLF, na sigla em inglês) chegou à "fase final".
Em um comunicado, o tenente-general Hassan Ibrahim afirmou que as tropas federais devem assumir o controle de Mekelle "em alguns dias". A cidade tem 500 mil habitantes.
O conflito entre o governo e as forças da TPLF já dura três semanas. No último domingo, o governo exigiu que os rebeldes depusessem as armas dentro de três dias —ou enfrentariam um ataque a Mekelle. O ultimato fez grupos de ajuda humanitária temerem por um grande número de vítimas civis.
O premiê Abiy Ahmed, vencedor do Nobel da Paz em 2019, acusa os líderes do Tigré de iniciar a guerra ao atacar soldados federais numa base na região em 4 de novembro. A TPLF diz que o ataque foi preventivo.
Mais cedo, nesta sexta, o primeiro-ministro afirmou aos enviados de paz da União Africana que seu governo protegerá os civis no Tigré. Mas um comunicado emitido pelo gabinete de Abiy após a reunião não fez menção às negociações com a TPLF para acabar com o conflito.
A agência de notícias Reuters não conseguiu entrar em contato com os líderes do Tigré para confirmar a declaração do governo. A região tem sido palco de confrontos sangrentos. No início de novembro, ao menos 600 pessoas foram mortas num massacre, segundo informações divulgadas na terça-feira (24) por um órgão público de defesa dos direitos humanos.
A ação, no dia 9, teve a participação de policiais e de uma milícia ligada a grupos separatistas locais, diz o relatório preliminar da Comissão de Direitos Humanos Etíope —órgão independente, mas que tem sua direção indicada pelo governo central. As vítimas eram trabalhadores agrícolas temporários que pertenciam a uma etnia diferente da dos autores do ataque, diz o texto.
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