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Twitter bane Trump permanentemente devido a 'risco de incitação à violência'

Centenas de funcionários da plataforma enviaram carta para pressionar executivos a tirar presidente da rede social

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São Paulo

O Twitter baniu na noite desta sexta (8), de modo permanente, a conta de Donald Trump na rede social. Quem acessar a página do atual presidente americano não encontrará nem mesmo sua foto de perfil.

“Após uma análise detalhada das mensagens recentes da conta [de Trump] e do contexto em torno delas, suspendemos permanentemente o perfil devido ao risco de mais incitação à violência”, disse a empresa.

O Twitter Safety, que cuida da segurança da plataforma, afirmou que a estrutura da rede social existe para permitir que o público ouça líderes mundiais diretamente, mas que “há anos deixamos claro que essas contas não estão acima de nossas regras". "Elas não podem usar o Twitter para incitar a violência.”

Conta do Twitter de Donald Trump bloqueada
Conta do Twitter de Donald Trump bloqueada - Eric Baradat/AFP

Após a invasão do Congresso americano na quarta (6), durante a sessão conjunta entre deputados e senadores para a certificação da vitória de Biden, a conta do presidente foi bloqueada por 12 horas.

Depois desse período, Trump voltou à rede social na noite de quinta (7) e publicou um vídeo em que condenou a violência dos vândalos, chamando o ataque de odioso. Segundo o Washington Post, centenas de funcionários do Twitter exigiram, em uma carta, que os líderes da empresa suspendessem permanentemente o perfil do presidente —a publicação teve acesso ao conteúdo do pedido.

Na carta, dirigida ao presidente da empresa, Jack Dorsey, e seus principais executivos, cerca de 350 empregados da plataforma também solicitaram uma investigação sobre que decisões corporativas tomadas pelo Twitter nos últimos anos ajudaram a fomentar a invasão do Congresso americano.

“Apesar de nossos esforços para servir ao debate público, ajudamos a alimentar os eventos mortais de 6 de janeiro”, escreveram os funcionários. “Solicitamos uma investigação sobre como nossas decisões de política pública levaram à ampliação de graves ameaças antidemocráticas. Devemos aprender com nossos erros para evitar causar danos futuros."

Em um comunicado enviado ao jornal, o porta-voz do Twitter, Brandon Borrman, disse que a empresa incentiva um diálogo aberto entre os funcionários e a liderança da empresa.

Após o banimento, Trump tentou publicar na conta @POTUS (sigla para presidente dos EUA, em inglês), mas a rede social apagou os posts. Nas mensagens, afirmou que o Twitter vem "indo mais e mais longe em banir a liberdade de expressão" e criticou a Seção 230 da Lei de Decência nas Comunicações, que oferece às empresas imunidade sobre o conteúdo veiculado por usuários e as protege de ações judiciais.

Essa norma dá o poder de moderação às empresas e estipula que elas não são responsáveis ​​por comentários que as pessoas publicam em suas plataformas.

Por fim, ele levantou a possibilidade de criar uma própria plataforma de internet.

Também nesta quinta, o Twitter bloqueou contas "dedicadas a compartilhar conteúdo QAnon", referência à teoria conspiratória segundo a qual Trump combate uma seita de pedófilos adoradores de Satanás que controla o mundo. O movimento é classificado pelo FBI como potencial ameaça de terrorismo doméstico.

Entre os perfis suspensos estão os de Michael Flynn, ex-conselheiro de segurança nacional da administração do republicano, e Sidney Powell, ex-advogado do presidente.

Em outro movimento similar, o Google anunciou nesta quinta que o aplicativo da rede social Parler foi suspenso de sua loja —a plataforma, menos restritiva, tem sido um porto seguro para extremistas após o Facebook bloquear grupos ligados a teorias da conspiração no ano passado.

"Nossas políticas exigem que os aplicativos [...] removam conteúdos ofensivos, como postagens que incitam à violência. Temos lembrado à Parler dessa política nos últimos meses. À luz da ameaça contínua e urgente à segurança pública, estamos suspendendo o aplicativo na Play Store até que o problema seja resolvido", informou o comunicado do Google.

Mais cedo, a Apple ameaçou retirar a Parler de sua loja de aplicativos a menos que a companhia altere suas políticas de moderação de conteúdo.

Trump já havia sido bloqueado por Facebook e Instagram ao menos até a cerimônia de posse do democrata Joe Biden, programada para 20 de janeiro. "Acreditamos que os riscos de permitir que o presidente continue a usar nossos serviços durante este período são grandes demais", disse Mark Zuckerberg, presidente do Facebook, em um comunicado publicado na própria plataforma.

A rede social de streaming de games Twitch, adquirida pela Amazon em 2014, também anunciou o banimento da conta do presidente ao menos até o fim de seu mandato.

​“Dadas as atuais circunstâncias extraordinárias e a retórica incendiária do presidente, acreditamos que esse é um passo necessário para proteger nossa comunidade e evitar que a Twitch seja usada como plataforma para incitar ainda mais violência”, disse um representante da empresa.

Alegando risco de violência, o Facebook já havia removido na quarta um vídeo do republicano no qual ele pedia aos manifestantes que fossem para casa, mas reafirmava falsamente que o pleito foi fraudado.

O mesmo conteúdo também recebeu alertas antes de ser removido pelo Twitter, que excluiu ainda uma publicação em que Trump dizia que o vice-presidente Mike Pence "não teve a coragem de fazer o que deveria ter sido feito" para proteger os EUA e sua Constituição.

Trump pressionou seu vice diversas vezes a rejeitar os votos do Colégio Eleitoral, embora Pence não tenha autoridade legal para anular, unilateralmente, os resultados que confirmaram a vitória de Biden. ​

Na quinta, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, criticou o bloqueio temporário das redes sociais de Trump. "Pode ver: ontem, nos EUA, bloquearam o Trump nas mídias sociais. Um presidente eleito, ainda presidente, tem suas mídias bloqueadas", disse.

Com discurso semelhante, Andrés Manuel López Obrador, presidente do México, também se posicionou contra o que chamou de "censura" das redes sociais, embora não tenha mencionado Trump.

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