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Avalanche após derretimento de geleira no Himalaia deixa mais de cem desaparecidos

Deslizamento atingiu hidrelétrica e provocou inundações em vilarejos próximos; ao menos 7 morreram

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Nova Déli | Reuters e AFP

Ao menos 125 pessoas estão desaparecidas desde que uma geleira na cordilheira do Himalaia, no norte da Índia, rompeu-se neste domingo (7) gerando uma avalanche. O deslizamento atingiu uma hidrelétrica e provocou inundações que obrigaram moradores de vilarejos próximos a deixarem suas casas.

A avalanche se estendeu do vale de Rishiganga até as montanhas Uttarakhand, gerando uma nuvem de poeira, pedra e água, de acordo com testemunhas. "Foi muito rápido e não deu tempo de alertar ninguém", afirma Sanjay Singh Ran, morador do vilarejo de Raini. "Senti que seríamos varridos", completa.

O desastre ocorreu a 500 km da capital Nova Déli.

enorme enchente passa por vilarejo
Enchente no vilarejo de Chamoli, em Uttarakhand, na Índia - Reuters

Até a interrupção das buscas durante a noite, sete corpos haviam sido encontrados e as autoridades locais haviam registrado entre 125 e 200 desaparecidos. Segundo o ministro Trivendra Singh Rawa, esse número pode aumentar. Na maioria, os desaparecidos são trabalhadores da hidrelétrica de Rishiganga, destruída pelo rompimento da geleira.

O chefe de polícia do estado, Ashok Kumar, afirmou horas antes que uma operação de emergência foi mobilizada para tentar resgatar 17 pessoas retidas em um túnel. Kumar havia mencionado antes a possibilidade de 200 desaparecidos apenas nas centrais de energia elétrica atingidas pela correnteza.

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, foi às redes sociais para afirmar que está monitorando a operação de resgate. "A Índia apoia a população de Uttarakhand e a nação inteira reza pela segurança de todos nesta região", escreveu ele no Twitter.

Equipes de resgate atuam perto do túnel Tapovan - Polícia de fronteira Indo-tibetana/AFP

Testemunhas filmaram o momento em que a enchente destruiu partes da represa de Rishiganga e todo o resto em seu caminho, como o maquinário e materiais de construção do local. Ao menos 180 ovelhas foram levadas pela enchente.

Autoridades foram obrigadas a esvaziar as represas para deter a inundação, cujas águas chegaram ao Ganges, e moradores foram proibidos de se aproximar das margens do rio.

As montanhas de Uttarakhand têm propensão a deslizamentos. A avalanche deste domingo reitera o alerta, já dado por ambientalistas e autoridades, de que é preciso rever projetos de usinas hidrelétricas na área, que é ecologicamente sensível.

Ainda não se sabe o que provocou o rompimento da geleira e a avalanche que se seguiu. Mas não é a primeira vez que a região enfrenta desastre similar.

Em 2013, a temporada de monções (ventos sazonais que carregam o ar úmido do oceano para o continente, provocando fortes chuvas) causou enchentes em Uttarakhand que mataram 6.000 pessoas. A catástrofe foi batizada como "Tsunami do Himalaia".

Devido ao episódio, tanto ativistas ambientais quanto a ex-ministra da água, Uma Bharti, hoje líder do partido do presidente Modi, criticaram a construção de usinas de energia na região.

"Quando fui ministra solicitei que usinas não poderiam ser construídas no rio Ganges e afluentes", afirmou Bharti, em redes sociais.

Especialistas em meio ambiente afirmam que a avalanche deste domingo exige que sejam revistos todos os planos de construção de usina na região.

"O governo não pode continuar ignorando avisos de especialistas e precisa parar de construir usinas hidrelétricas e rodovias em um ecossistema frágil", afirma Ranjan Panda, voluntário da ONG ombat Climate Change Network.

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